Presidente do BC mostra números do crescimento e contesta parlamentares

Brasília (AE) – A política econômica do governo foi bombardeada hoje durante reunião de seis comissões da Câmara e do Senado com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Parlamentares bateram duro nos juros altos e na contenção de gastos. Meirelles defendeu a atuação do governo, tentando mostrar aos parlamentares que o Brasil está colhendo frutos daquilo tudo que eles estavam criticando. Entre os resultados da política, ele citou a queda da inflação, o crescimento da economia, a redução do endividamento e a trajetória de queda do risco-País. "O caminho para diminuir a dívida é o do superávit primário" sentenciou.

Para Meirelles, a grande contribuição que o BC tem a dar para a política econômica, que tem como objetivo o crescimento sustentável e a criação de emprego e renda, é a de garantir a estabilidade da economia.

O deputado Sérgio Miranda (PDT-MG) disse que a imagem que o governo Lula deixará é a de que governar é pagar juros. O deputado Luiz Carlos Haully (PSDB-PR) lamentou que o País esteja preso na armadilha de juros elevados e cunha fiscal exorbitante. Até mesmo parlamentares da base aliada, como Wasny de Roure (PT-DF), contestaram o atual nível das taxas de juros. "Temos de perseverar no caminho que adotamos", argumentou Meirelles.

O presidente do BC falou para uma platéia com poucos parlamentares, mas lotada de servidores do próprio banco, em greve há 17 dias. Logo no início da exposição suas explicações foram interrompidas por um estridente apitaço, o que provocou ameaça de retirada dos manifestantes. Pressionado, Meirelles prometeu receber os funcionários na terça-feira.

A seguir, os principais pontos abordados por Meirelles durante a audiência pública.

Política monetária

Ela continua sendo balizada tendo como objetivo uma taxa inflação de 5,1% para este ano. Meirelles destacou que o porcentual perseguido está dentro do intervalo de tolerância de dois e meio pontos porcentuais para cima ou para baixo da meta de inflação, que é de 4,5%.

Crescimento da economia

A economia brasileira cresce de forma equilibrada. "Não existem desequilíbrios evidentes na economia que possam levar à crise", garantiu. De acordo com Meirelles a economia já cresceu por oito trimestres consecutivos e está se aproximando do recorde de crescimentos trimestrais ininterruptos. Segundo ele, a expansão acumulada nesse período de oito trimestres foi de 9,2%.

Superávit primário

O caminho para a redução da dívida pública é ter saldos positivos na diferença entre receitas e despesas. "Não há outro caminho", assegurou, relatando que os países que tomaram essa decisão obtiveram queda gradual do juro, da inflação e perceberam um aumento da decisão de investimentos.

Argentina

Sem citar diretamente o nome do país vizinho o presidente do BC argumentou que o país sofreu uma forte perda de crescimento em razão do não pagamento de seus compromissos de dívidas externa e interna. "O nível de produção desse país só agora está voltando aos patamares da década de 90", observou. Isto mostra, em seu entender, que o calote da dívida não necessariamente rende ganho de crescimento da economia. Segundo Meirelles, o país vizinho teve uma perda "importante" de crescimento de longo prazo. Apesar disso, ele reconheceu que o risco de países que entraram em moratória tende a cair após a solução do problema.

Risco país

Para Meirelles, a queda do risco País aumenta os investimentos na economia. Ele explicou que isso acontece porque o risco baixo demonstra maior estabilidade e previsibilidade da economia – fatores essenciais na tomada de decisão de investimentos.

Banco Santos – Não houve nenhum aporte de recursos públicos no caso da intervenção do Banco Santos, disse . Segundo Meirelles "isto é um ganho de qualidade para o erário público". Ele lembrou que, em situações anteriores, o governo teve de aportar recursos públicos na solução de problemas de instituições financeiras por meio do Proer. Ele também destacou que o fato de o BC ter agido no caso do Banco Santos de forma rápida fez com que a dimensão do problema fosse menor do que poderia ser.

Valerioduto

Meirelles garantiu que o BC fiscaliza com vigor o sistema financeiro. Segundo ele o BC exige o provisionamento total de empréstimos sem garantia por parte dos bancos, o que vem sendo feito por todas as instituições. Com relação a garantias fora do País e contas também no exterior, Meirelles explicou que o BC não tem condições de monitorar. "O BC não tem poder de fiscalização em outros países."

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