Brasília, 26 (AE) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje que não tem pressa para fazer a reforma ministerial. Na festa de despedida do secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência, Ricardo Kotscho, Lula disse que não fixou prazo para mudar a equipe. "Não estou preocupado com isso. Tudo tem o momento certo para acontecer", afirmou.
Ele falava da reforma no Palácio da Alvorada e dizia que está "adorando" morar na Residência Oficial do Torto – "porque é mais casa e mais aconchegante" – quando foi perguntado sobre outra reforma: a ministerial. Deu risada. "Vocês, hein?", brincou com os jornalistas. Apesar de não confirmar oficialmente o presidente avisou aos principais colaboradores que somente anunciará os novos ministros depois da convenção do PMDB, no dia 12, convocada para decidir se o partido entrega ou não os cargos no governo.
Com agenda muito carregada até lá, o presidente negou que tenha marcado a última reunião ministerial do ano, nos dias 10 e 11, por causa da convenção peemedebista. "Não há nenhuma vinculação entre a reunião ministerial e o encontro do PMDB. Escolhi o dia 10 porque ou era essa data ou era dia 17 e achei que aí seria muito perto do Natal", argumentou.
Sobre se anunciaria nos próximos dias o novo ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Lula disse não ter motivo para se precipitar e elogiou o interino, Nelson Machado, que substituiu o ex-ministro e atual presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guido Mantega. "O Nelson é nosso companheiro e já está lá há dois anos", afirmou, enquanto comia salgadinhos e brigadeiros.
No Planalto, interlocutores do presidente asseguram que o novo ministro do Planejamento e Orçamento será um técnico "com base parlamentar", mas que não sairá da cota de nenhum partido. Um dos cotados é o economista Luciano Coutinho, amigo do chefe da Casa Civil, José Dirceu. No início do governo, porém, Coutinho foi convidado para o Planejamento e não aceitou.
Operação – Na manhã de hoje, em reunião com Dirceu, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), e o presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), Lula disse que a reforma ministerial dependerá do resultado da convenção do PMDB. Os governistas trabalham para desmontar o encontro, mas até agora não obtiveram sucesso. Mesmo assim, o presidente acredita que o partido permanecerá na base de sustentação do governo.
Se isso realmente ocorrer, o PMDB deverá ganhar um ministério com mais verba ou mais "capilaridade", como preferem chamar os peemedebistas para evitar a pecha de fisiológicos. Uma das idéias em estudo é transferir o ministro das Comunicações, Eunício Oliveira, para Cidades, pasta hoje ocupada pelo petista Olívio Dutra. A questão é que Lula é muito amigo de Olívio e age com o coração. Em outras ocasiões, cogitou a possibilidade de dispensá-lo, mas nunca conseguiu.
Aliados do deputado Jorge Bittar (PT-RJ) querem fazê-lo ministro das Comunicações, com o argumento de que o Estado não tem mais representantes na Esplanada. Lula, no entanto, não age sob pressão. O PMDB poderá manter sob comando o Ministério da Previdência Social, mas dificilmente com o ministro Amir Lando. Para o lugar dele, o PMDB indica Romero Jucá (RR), vice-líder do governo. O presidente também avisou a Dirceu e ao chefe da Secretaria de Coordenação Política e Assuntos Institucionais da Presidência da República, Aldo Rebelo, que eles ficarão nos postos. Rebelo ficou contente. Dirceu, não. Se dependesse da cúpula petista, Rebelo deveria entregar o cargo.