O presidente Luiz Inácio Lula da Silva avisou na sexta-feira (15) que não vai explorar eleitoralmente a crise envolvendo a Petrobras e a Bolívia, fazendo "bravatas" contra o país vizinho. Ele disse esperar que as coisas agora fiquem "mais tranqüilas" depois da demissão do ministro de Hidrocarbonetos e Energia da Bolívia, Andrés Solíz Rada.
Lula afirmou que "tem a maior paciência do mundo", que "quer tudo acordado, com a maior tranqüilidade", mas acabou mandando um novo aviso aos bolivianos: "essas coisas também têm limite. Se não houver da parte do governo boliviano interesse de fazer as coisas tranqüilas como quero fazer, então, o que vai acontecer? Um rompimento? Eu não quero que isso aconteça. Eu não quero porque eu trabalho com a hipótese de que a América do Sul tem de se desenvolver e que os países da América do Sul que têm fronteira com o Brasil tenham chance".
O presidente evitou comentar os novos ataques à Petrobras, que agora foi acusada de fazer exportação "irregular" de óleo. "O Brasil tem mais responsabilidade por ter maior economia e é por isso que eu nem sempre posso responder como algumas pessoas gostariam que eu respondesse, com a bravata, com o grito, com o rompimento", disse, ainda queixando-se do comportamento do país vizinho.
O presidente comentou as cobranças por um tratamento mais rigoroso com a Bolívia. "Não tem nenhum sentido. Eu sei do que a Bolívia precisa, eu sei da situação do povo boliviano. Então, se eu puder ajudar, eu ajudo", resumiu.
O presidente insistiu que tem conversado muito com o presidente boliviano Evo Morales, que não quer negociar pelos jornais e que no caso da Bolívia, "não adianta ficar nervoso". Mais uma vez justificando a atitude de Morales, Lula reconheceu que "nós temos um problema político na Bolívia, nós temos um governo novo um governo muito heterogêneo, com problema de auto-afirmação interna, que a gente precisa ter paciência no trato com as pessoas".
Lula, que deu as declarações antes de deixar Aracaju, onde esteve em campanha, reiterou que não vai endurecer. "Veja, eu estou em uma campanha. Tudo que poderia acontecer de bom para mim era dar uma de engrossar com a Bolívia. Mas, como eu conheço aquele país, conheço aquele povo, conheço quem está no governo, por que eu haveria de engrossar se eu posso encontrar uma solução negociada? Por que fazer uma bravata interna?", comentou.