Pesquisas de alguns meses atrás revelavam que se as eleições fossem imediatas Lula seria reeleito em primeiro turno. Outras pesquisas, mais recentes, já demonstram que, com queda de prestígio, teria de disputar a reeleição com outro candidato. Estabeleceram-se várias hipóteses de adversários e o atual presidente ganharia de todos. Mas haveria segundo turno.

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As últimas consultas, realizadas em meio à crise política e ética que sacode o governo, já mostram a desejada reeleição não mais como uma certeza, nem em primeiro nem em segundo turno. Em primeiro turno, a possibilidade parece haver desaparecido. E em segundo turno, passou de certeza a probabilidade, quando não mera hipótese.

Em todos os escândalos que vêm pipocando, os denunciantes, e mesmo a oposição, tentam preservar o nome do presidente. O governo seria corrupto. Corruptos seus agentes, alguns membros de partidos aliados, mas também gente do próprio PT. Mas Luiz Inácio Lula da Silva estaria sendo também vítima, com seu governo comprometido pelos achaques, mensalões e outras formas de corrupção praticadas por gente que forma suas bases. As do Congresso em especial, e as partidárias e dos setores administrativos, complementarmente.

Até agora nada está provado, mas uma pesquisa realizada junto aos próprios petistas mostrou que 64% deles acreditam que há corrupção no governo. No governo nominalmente do PT, porque o presidente e muitos ministros são petistas, mas efetivamente uma administração de coalizão, que vai da esquerda ao centro-direita.

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Lula, para conseguir a maioria que seu partido não oferece, buscou apoios programática, ideológica e eticamente incompatíveis com o que o PT pregou durante seus 25 anos de existência. O resultado é a previsão de que, nas reformas ministeriais e administrativas que o presidente estaria disposto a fazer, o Partido dos Trabalhadores passaria a ter apenas um pequeno naco do governo. E, mesmo pequeno e carente de apoios de conveniência duvidosa, também dividido entre os que exigem que volte às suas origens e os petistas fisiológicos, para os quais o que vale é o poder, estar no governo, não importa se para isso é preciso renunciar a programas e princípios éticos.

Entre os que isentam Lula de responsabilidade direta pelos escândalos, existem os que não o isentam de responsabilidade. O chefe da nação seria omisso, incapaz de comandar, manipulável e estaria cercado de um bando de malandros que aproveita sua ingenuidade ou a justa vaidade de ser presidente do País, pois começou como mero líder sindical.

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No final de semana, o Financial Times, um dos jornais mais prestigiosos da Europa, em longo artigo, fala em Lula transformado em ?pato manco?, ?lame duck?, expressão em inglês que significa ?figura decorativa?. É um dos destinos que vaticinam para ele na hipótese de retomar as origens do PT esquerdista, pois perderia a maioria parlamentar. E destino também se prosseguir na formação de uma maioria com aliados diversos, ética e programaticamente contrários às origens do Partido dos Trabalhadores.