O presidente da Eletrobras, Aloísio Vasconcelos, elevou o tom das críticas aos técnicos do governo da área de Meio Ambiente. Em palestra no Instituto Brasileiro de Executivos Financeiros (Ibef), Vasconcelos foi enfático: "Ou o governo dá um soco na mesa e libera os projetos do setor de energia ou esse povo (do meio ambiente) vai parar o Brasil", reclamou.

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Ele comentou que os técnicos do setor de energia têm buscado encontrar meio-termo com os defensores do meio ambiente, mas não está conseguindo liberar projetos de hidrelétricas. E ele considera que "é absolutamente imprescindível que o governo libere o projeto das duas usinas do rio Madeira, em Rondônia (Jirau e Santo Antônio) ainda este ano.

Ele defendeu também a conclusão da usina nuclear Angra 3, não só pelo volume de energia (1.400 MW), mas para dar mais estabilidade ao sistema elétrico, já que a usina fica no final das linhas de transmissão de Itaipu. "Acredito que entre 1º de outubro e 31 de dezembro teremos uma decisão favorável à retomada das obras", observou, insinuando que a decisão só não foi anunciada até agora por questões político-partidárias. "Dos 11 ministros que decidem sobre a questão, nove já se pronunciaram favoravelmente à retomada das obras", comentou.

O executivo citou o plano decenal da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) prevendo que o País vai precisar de mais 40 mil MW nos próximos dez anos. "Isso para um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) na faixa de 4%. Se o País crescer um pouco mais, vamos precisar de muito mais energia", complementou, estimando uma necessidade de 5.000 a 6.000 MW em novos projetos a cada ano. "Sem isso, vamos deixar de crescer por falta de energia", enfatizou.

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Na sua palestra, o presidente da Eletrobras defendeu o processo de internacionalização da holding estatal de energia elétrica, argumentando que a empresa tem expertise para disputar grandes obras. "Infelizmente, estou tendo de declinar de convites de obras, embora a Eletrobrás tenha todas as condições para disputar com os franceses, canadenses e russos, que disputam o mercado", comentou.

Vasconcelos disse que o plano estratégico da estatal está em fase final de elaboração e deverá ser divulgado em dezembro, onde serão detalhadas áreas de atuação da companhia. Ele prevê que a empresa precisará continuar investindo forte em geração e transmissão de energia elétrica e quer que o governo "encontre uma solução" para as sete distribuidoras que estão sendo administradas pela Eletrobrás. "São investimentos temporários e a distribuição não é o nosso negócio", comentou.

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Até porque essas empresas têm gerado fortes prejuízos, sem que a holding consiga tomar providências para melhorar os seus resultados. Ele citou o caso da distribuidora do Piauí, a Cepisa onde há uma cidade em que a maioria dos cidadãos não paga conta de luz, ancoradas numa decisão de uma juíza local, que considera a energia "um bem público", sobre o qual não deveriam incidir nenhum custo. Ainda na Cepisa, há um advogado contratado para defender a companhia, mas que moveu uma ação contra a própria Cepisa. "Fica difícil conseguir lucro numa situação assim", reclamou.

Vasconcelos reiterou que a Eletrobras "busca o lucro" e todas os seus investimentos têm de apresentar resultados positivos. Por isso, a Eletronorte, uma das subsidiárias do grupo, vai ter de passar por um "choque de gestão" e voltar a apresentar lucro até o final do ano. "Vamos renegociar a dívida da Eletronorte com a Eletrobrás, mas a empresa terá de apresentar resultados positivos", reiterou.