Brasília – O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Armas, deputado Moroni Torgan (PFL-CE), disse hoje (23) que a CPI "não vai recuar" na decisão de ouvir o líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcos Camacho, mais conhecido como Marcola. Torgan não vê problemas no depoimento ser dado no próprio Congresso Nacional.
Essa possibilidade tem deixado a segurança do Congresso Nacional em alerta. Hoje pela manhã houve uma suposta ameaça de bomba em um dos prédios da Câmara. "Não podemos mostrar qualquer tipo de receio ou intimidação. Já tivemos outras CPIs com outras ameaças do Cartel de Cali, de Medelin, e nós continuamos, fomos em frente", lembrou o deputado do Ceará.
"Ele (o Marcola) é chefe do crime organizado e a população tem de ver o caráter, a formação dele e não se intimidar. Seria muita intimidação, nós não ouvirmos o principal líder da principal organização do tráfico de armas do país", afirmou o deputado.
"Agora, apesar de termos autonomia, aqui, quem manda, é o presidente da Casa. O depoimento pode ser em Brasília, na sede da Polícia Federal, sem grandes problemas e se assim o plenário da CPI decidir."
Hoje, a CPI do Tráfico de Armas ouvirá os advogados Sérgio Wesley da Cunha e Maria Cristina de Souza, acusados de comprar o áudio de uma sessão reservada da comissão. Os dois são suspeitos de representar o PCC e repassar gravações de sessão fechada da CPI a Marcola.
Na próxima quinta-feira, está prevista uma acareação entre os advogados e o técnico de áudio Arthur Vinícius Pilastre, que teria vendido as fitas nas quais delegados informavam sobre a transferência de presos. A mudança é apontada como causa das ações do PCC em São Paulo nos últimos dias.
"Se o crime organizado pensa em nos intimidar, não nos intimidará. Estamos prontos para enfrentá-lo e, principalmente, tirar a principal estrutura do crime organizado, que é a financeira. Caindo a estrutura financeira, cai o crime organizado", disse Moroni Torgan.