O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal-arcebispo Dom Geraldo Majella Agnelo defendeu hoje uma auditoria na dívida externa brasileira, velha bandeira das esquerdas brasileiras. Na avaliação de d.Geraldo, considerado um moderado dentro do clero do País, a dependência que o Brasil tem junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI) oprime a população, pois “favorece o privilégio do lucro do dinheiro, que a promoção dos pobres”, disse. “Pague o que tem que pagar e se faça uma auditoria, será muito importante já que é o povo quem paga essa dívida”. Ele fez os comentários ao lançar na capital baiana a “Cartilha Política – Eleições Municipais 2004” para o Nordeste, da CNBB.
D. Geraldo manifestou satisfação pelos bons números da economia do Brasil, mas acha que ainda “não atingiu o ideal”. Uma sintoma disso, conforme o cardeal é a previsão do novo salário mínimo do Orçamento de 2005, no valor de R$ 281. “É o sinal de que não é hoje, nem no ano que vem que (o ideal) será atingido”. Ele insistiu que o atual governo ainda tem muito a fazer “nos critérios da promoção humana” que seriam segundo o cardeal a educação, a saúde e o trabalho.
Na cartilha, a CNBB assinala que do total de miseráveis do Brasil, 45% vivem no Nordeste e de cada 100 nordestinos, 39 sobrevivem na pobreza absoluta, citando a Bahia como “o 1º Estado da federação brasileira campeão do desemprego”.
O documento estimula os eleitores a votar em políticos “honestos, competentes, com a capacidade de intervir ativamente na administração pública e aberto à participação popular”. Ao ser questionado se ainda existia um político com essas característica no Brasil, d. Geraldo afirmou que “há políticos bons e conscientes, embora exista também os que ‘desafinem'”.
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