Presidente afirma que denúncias de CPIs são “levianas”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu hoje sinais claros de que não mudará o discurso em relação às notícias vindas das três comissões parlamentares de inquérito (CPIs) que investigam suspeitas de corrupção que envolvem o governo e o PT.

Lula classificou as denúncias como "levianas" e "insinuações" não confirmadas, ao deixar por alguns minutos a etapa final da 15.ª Reunião de Cúpula Ibero-Americana. Ele ainda reafirmou que não tomou nenhuma decisão sobre a reeleição e que, no momento adequado, decidirá, conforme a consciência.

"Digo sempre que, aquilo que for verdade vai aparecer como verdade. Aquilo que for mentira vai aparecer como mentira. Houve, em algum momento, muita leviandade, houve insinuações, mas pouca coisa se provou", afirmou.

"O que é mais sagrado em tudo isso é o Brasil poder provar ao mundo que as instituições democráticas funcionam, independentemente de qualquer situação política", completou, para logo insistir, novamente, que as CPIs atuam "sem intromissão do governo", que a Polícia Federal (PF) continua com as investigações e que o Ministério Público (MP) tomará as medidas cabíveis, assim que forem apresentados os resultados das comissões.

O presidente ainda respondeu com certo desprezo às pesquisas de opinião que medem o grau de popularidade dele, até mesmo com os resultados mais favoráveis obtidos na mais recente consulta do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), nesta semana, em relação às anteriores.

A desconfiança popular em Lula, entretanto, continua maior que os indicadores de confiança. Mesmo assim, o presidente insistiu que as pesquisas não o preocupam. "Faço questão de não comentar pesquisas, nem quando tenho 0%, nem quando tenho 100%, porque elas mostram a fotografia de um momento", declarou.

Lula disse ainda que tem restrições à tese da reeleição e que prefere que os presidentes brasileiros, a partir de 2010, contem com um mandato único de cinco anos, sem redireito a uma segunda recandidatura ao posto no último ano de gestão.

Atento ao responder às questões dos jornalistas, que buscavam uma resposta mais substancial, ele se limitou a declarar que não tomou nenhuma decisão e que não está preocupado com o assunto.

"Todo mundo sabe que eu, em tese, votei contra a reeleição na Constituinte de 1988", afirmou. "Quando chegar no momento certo, vamos decidir. Tenha eu 90% ou 0% (nas pesquisas de opinião), vou tomar a decisão com base na minha consciência", acrescentou.

Em atrito com o Congresso, por conta das declarações contra o "denuncismo" das CPIs, o presidente ainda indicou que caberá, exclusivamente, à Câmara dos Deputados e ao Senado encontrar uma solução para o fato de a Medida Provisória do Bem ter caducado, na quinta-feira.

A rigor, trata-se de responsabilidade do Parlamento. Tumultuado, o processo final de tramitações mesclou um embate de interesses considerados menores em detrimento da aprovação do texto, que prevê uma série de desonerações de tributos federais a novos investimentos produtivos e a setores específicos.

Lula deixou claro que o Executivo não moverá uma palha para dar a saída ao Congresso, como encaminhar um projeto de lei com os principais pontos da medida provisória. "O Congresso vai dar uma solução para isso, fique tranquila", declarou a uma jornalista, para logo em seguida salientar que o conteúdo não será perdido. "Eu estou convencido que nós deveremos encontrar uma solução. Afinal de contas, o Congresso é tão criativo que vai criar as condições de votar a MP", completou, em tom irônico.

O presidente insistiu duas vezes que ainda há possibilidade de enxertar parcelas do texto da MP do Bem em outras medidas provisórias, mesmo depois de questionado sobre a dificuldade dessa iniciativa. "Eu estou convencido que os deputados têm de ter autonomia para criar condições para votar, até porque a MP do Bem interessa ao Brasil, interessa ao governo interessa à oposição, interessa aos empresários."

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