Os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e José Serra (PSDB) deverão ser os grandes alvos no debate de amanhã, a partir das 22 horas, entre os presidenciáveis na Rede Globo de Televisão. A menos de quatro dias da eleição e após o último programa do horário eleitoral, o debate na emissora de maior audiência do País pode ser a última chance para os candidatos ganharem ou perderem votos em grande escala.
Por isso, os dois primeiros colocados nas pesquisas de opinião serão atacados pelo terceiro, Anthony Garotinho (PSB), e o quarto, Ciro Gomes (PPS). Aos dois interessa ultrapassar Serra mas também impedir que Lula vença no primeiro turno.
Convencido de que não será poupado como nos outros debates, Lula passou o dia de hoje se preparando para o debate. Em reunião realizada no Hotel Sofitel, em São Paulo, Lula foi submetido a uma sessão de mídia training, com perguntas sob os mais variados temas, seguidas de uma avaliação sobre o seu desempenho.
Lula, porém, só reagirá se for provocado. “A intenção é fazer o mesmo que fizemos nos outros debates”, diz o marqueteiro Duda Mendonça. “Quem tem de estar nervoso são os outros”, acrescentou Guido Mantega, um dos assessores econômicos de Lula.
Ringue
Se depender de Serra, porém, Lula precisará vir para o centro do ringue. Mas não será para responder baixarias, asseguram os assessores do candidato tucano. Nos últimos dias surgiram boatos de que Serra teria denúncias de ordem pessoal contra Lula. “Se vier alguma baixaria ela poderá, como a história já mostrou, prejudicar quem a faz”, advertiu Mantega. Hoje, a assessoria de Serra ligou para integrantes do PT desmentindo que vá haver qualquer acusação pessoal.
O mais provável, segundo um interlocutor do presidente Fernando Henrique Cardoso, é que Serra tente fazer o que o publicitário Nizan Guanaes não conseguiu no horário eleitoral. “O Serra vai colocar, de maneira clara, qual é a história e a proposta do PT, coisas que ficaram camufladas na TV”, disse ele. “Para o presidente, o grande problema é que não está se dando ao povo a opção entre escolher ou não o PT.”
Lula também não deve escapar dos ataques de Ciro e Garotinho. O candidato do PPS passou a maior parte do dia em Fortaleza, gravando o último programa do horário eleitoral, e à noite, já no Rio, se reuniu com assessores para discutir a estratégia do debate. Oficialmente, Ciro continua apostando em seus levantamentos internos, que indicam um empate técnico com Serra e Garotinho. Assim, Ciro se apresentaria como uma alternativa segura de mudança para conquistar os indecisos. Seus assessores admitem que Serra será um dos alvos, mas também haverá críticas contra a inexperiência administrativa do candidato do PT.
Do mesmo modo, Garotinho deve partir para o ataque. Assim como nos outros debates, o candidato do PSB baterá duro no tucano, mas também criticará Lula. Ao mesmo tempo, tentará afagar o eleitorado de Ciro Gomes. Para Garotinho, Ciro já está fora da disputa, mas seus eleitores podem decidir a disputa. Nesse ponto o cuidado de Garotinho é não deixar que esses votos de Ciro migrem para Lula, encerrando a disputa no primeiro turno.
Para se destacar no debate, o candidato socialista, tem algumas “armas” estocadas, como sua ironia, que às vezes descamba para o puro deboche. No debate da Rede Record de Televisão, por exemplo, Garotinho ironizou os artistas do programa de Serra. Ele refuta, porém, a fama de franco-atirador. “Eu sou franco, e atirador é o Serra”, disse hoje, em Belo Horizonte, demonstrando irritação com os jornalistas. “Quem usou o horário eleitoral para atacar foi o Serra, mas vocês não dizem que ele é franco-atirador porque vocês são governistas.”
