É uma semana especial para todos nós, brasileiros e mais ainda para nós, paranaenses. Chegou a hora da comemoração oficial do centenário da imigração japonesa no Brasil. Eventos estão acontecendo (e outros irão acontecer) para homenagear os primeiros nipônicos a desembarcar por aqui, no navio Kasato Maru, em 1908. E nada mais merecido, pois a influência deles é tão grande no País, e no Paraná em particular, que mesmo quem não tem nenhuma ascendência asiática sente os efeitos desta maré de inteligência, religiosidade e educação que tomou o Brasil nos últimos cem anos.
São histórias de sucesso, de trabalho e de persistência que merecem registro. Vamos raciocinar: o que significa cruzar o planeta, deixar todo o seu passado e chegar a uma terra desconhecida, com cultura e língua completamente diferentes? Se hoje ir ao Japão é uma aventura rumo ao inesperado, imagine sair de lá em 1908 sem saber o que existia por aqui. É uma lição de tenacidade que temos que aprender com os japoneses.
Mais ainda com o choque cultural que eles tiveram ao chegar no Brasil. Era um país com características diferentes das que eles conheciam – não era uma ilha, era praticamente um continente; havia espaço de sobra; mas não havia a exigência de qualidade tão comum no Oriente. Éramos (e ainda somos) movidos pela emoção e pelo ?jeitinho?. Vivíamos (e ainda vivemos) por conta do imponderável, do inusitado. Não nos programávamos para nada, deixávamos a natureza agir e decidir.
Com os japoneses, é diferente. Eles buscam a superação em tudo. Exageram nesta busca, por isso o alto número de suicídios entre os nipônicos. Mas a competitividade é fundamental nesta nova era globalizada, e isto eles nos ensinaram. Com eles, tornamo-nos mais fortes na agricultura, na engenharia, na matemática, na administração.
Em contrapartida, os japoneses hoje são mais integrados à sociedade por conta do afeto comum ao brasileiro. Hoje não há mais diferenças, somos iguais nas nossas virtudes e defeitos. E este talvez seja o grande presente que nós, brasileiros, podemos dar aos japoneses após cem anos de presença decisiva por aqui.