Detentas da Penitenciária Feminina do Paraná (PFP), que fica dentro do Complexo Penitenciário de Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), iniciaram uma rebelião por volta das 18h desta quinta-feira (9). Uma agente penitenciária e seis presas são feitas reféns.
Na manhã desta sexta-feira (10), o clima no local ficou bastante tenso, com familiares bloqueando a entrada e saída de viaturas. Um policial chegou a sacar uma arma para conter os ânimos no local.
Muitas famílias estavam em frente ao complexo para o dia de visitação de crianças no setor masculino do presídio. Como houve a rebelião no feminino, a visitação foi suspensa, o que gerou o descontentamento de algumas famílias que vieram de longe para a visitação. “Se não liberarem as visitas vai explodir tudo”, disse uma familiar de preso que estava na entrada do complexo.
Segundo os agentes penitenciários, se a rebelião acabasse a visitação seria liberada, porém, por volta das 11h40, as familiares foram informadas de que a visita foi cancelada. As mulheres pediram e algumas sacolas com alimentos foram recebidas.
Polícia no complexo
Equipes da Polícia Militar foram deslocadas para a penitenciária com objetivo de controlar a situação. As cerca de 200 presas envolvidas na ação reclamam da superlotação e da falta de condições mínimas para cumprir a pena.
De acordo com o Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen), o quadro da unidade piorou depois que todas as detentas da ala feminina da Penitenciária Central do Estado (PCE), que fica no mesmo complexo, foram transferidas para a PFP.
“Eram cerca de 300 presas antes da transferência, agora o número passa de 400. O efetivo de agentes é reduzido. Estão vulneráveis. Como as condições são ruins, a vigilância fica frágil”, afirmou Petruska Sviercoski, presidente do Sindarspen.
Estopim
De acordo com ela, o motim começou quando uma agente precisou tirar uma presa de uma das celas. “Estava sozinha e foi dominada pelas detentas. Geralmente são dez ou 12 agentes para cuidar de toda a penitenciária. À noite, o número diminui mais ainda”, disse Petruska. Para ela, além da estrutura precária da unidade prisional, a falta de efetivo agrava ainda mais o problema.
“Quando acabaram com a ala feminina da PCE, foram realizados mutirões carcerários e várias presas foram colocadas em liberdade, usando tornozeleira eletrônica. O restante veio para a PFP. A superlotação continua. As soluções precisam ser definitivas”, pontuou.
Bloqueio e confusão
Revoltadas com a falta de informações sobre a visita das crianças, as familiares dos presos da ala masculina bloquearam a entrada e saída das viaturas no presídio. No final da manhã, uma viatura da Ronda Tático Motorizada (Rotam) do Batalhão de Polícia de Guarda (BPGd) acabou se envolvendo numa confusão.
Os policiais pararam a viatura em frente ao bloqueio, saíram da viatura e disseram que iriam entrar. “Eles falaram que iam passar por cima da gente”, disse uma das mulheres. Com a arma em punho, um dos PMs foi para cima das mulheres e a viatura conseguiu acessar o bloqueio. As familiares reclamaram da atitude dos policiais, assista no vídeo: