O Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) e a Diretoria Estadual de Investigação Criminal de Santa Catarina (Deic) desmantelaram uma das principais quadrilhas do Sul do país, especializada em assaltar carros-fortes. De acordo com a polícia, o grupo também é o responsável por invadir um posto da Polícia Rodoviária Federal no Paraná, na BR-116, região de Curitiba, e por assaltar um doleiro no interior do Estado, há cerca de dois anos, quando roubaram mais de R$ 3,8 milhões. Com o grupo, a polícia fez também uma das maiores apreensões de armamento já registrada no Paraná.
?Foi um trabalho de excelente qualidade feito em conjunto e que evitou dois assaltos já planejados a carros-fortes em Santa Catarina. Unir os serviços de inteligência, trabalhar de maneira interligada é uma das principais maneiras de combater o crime organizado, que hoje atua em diversos estados desafiando as polícias?, disse o secretário da Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari.
Na terça-feira (18), foram presos, em Curitiba e São José dos Pinhais, Rogério Mattos da Luz, o ?Batman?, 29 anos, apontado com o chefe da quadrilha, além de André Almeida Gama Borges, 34, e Sérgio Francisco da Costa e Silva, 27. Com eles foram apreendidos três fuzis Mini 14, um fuzil Mauser 762, um fuzil Colt M4 Comando, um fuzil AK 47, uma carabina Winchester 30/30, duas escopetas calibre 12, uma pistola PT 100, duas pistolas 380, três granadas, 15 carregadores, quatro rádios comunicadores, duas insígnias de investigadores de São Paulo, dois anéis para fixação de lunetas, uma alça de metralhadora, uma touca balaclava, dois jalecos com a inscrição da Polícia Federal, quatro coletes balísticos, 20 cartuchos de fuzil, 15 cartuchos de pistola e cerca de 300 cartuchos de fuzis, de espingardas e de outras armas.
?Temos o registro de pelo menos seis assaltos a carros-fortes em Santa Catarina, inclusive com a morte de vigilantes, nos últimos dois anos, que provavelmente foram articulados por esta quadrilha. Em um dos assaltos, no fim do ano passado, em uma estrada catarinense, eles detonaram uma bomba próxima a um carro-forte, que capotou e eles não conseguiram levar o dinheiro. Um dos vigilantes morreu na tentativa de assalto?, contou o delegado Renato José Hendges, da Delegacia Anti-Seqüestro de Florianópolis (SC).
De acordo com o delegado que chefia o Cope, Marcus Vinícius Michelotto, as polícias paranaense e catarinense investigavam a quadrilha há mais de três meses. Há um mês, a polícia do Rio Grande do Sul prendeu José Carlos dos Santos, o ?Seco?, 30, um dos integrantes do grupo e informou ao Cope sobre a possibilidade de o chefe da quadrilha morar na Região Metropolitana de Curitiba. Os policiais paranaenses descobriram, então, que Rogério Mattos da Luz chefiava o grupo e morava em São José dos Pinhais.
Rogério Luz e Borges foram presos pelos policiais do Cope em um consultório médico em Curitiba, no bairro Alto da XV. Em seguida, a polícia foi até a casa de Luz, no Centro de São José dos Pinhais, onde encontrou Silva. No local, foram apreendidos computadores com mapas rodoviários de todo o Brasil, fotos de trechos de estradas, fotos de aeroportos para fazer o levantamento dos malotes de dinheiro que eram transportados e outros registros. ?Com esse equipamento, Luz rastreava os carros-fortes e planejava todos os roubos?, disse Michelotto.
Entre o armamento apreendido na casa de Luz, foi encontrada uma bomba caseira, formada por uma banana carbogel e um tubo de PVC com massa de tiro. ?Esse artefato teve que ser detonado imediatamente para não correr o risco de explodir em local indevido. Sabíamos que isso estava pronto para ser utilizado em um assalto a dois carros fortes na cidade de Lages, em Santa Catarina. A quadrilha já tinha o levantamento da estrada e todo o caminho a ser percorrido pelos carros-fortes?, revelou Michelotto. Segundo ele, as armas apreendidas também eram alugadas para quadrilhas do Paraná usarem em assaltos.
Foram apreendidos também dois veículos Astra, um Golf e uma caminhonete Dakota, todos com placas clonadas, e, segundo o delegado, eram os carros utilizados nos assaltos. ?Quando Luz obtinha todas as informações sobre o carro-forte que seria alvo do assalto, reunia a quadrilha e distribuía todo o aparato necessário e expunha o planejamento?, complementou. A polícia acredita que ainda existam mais integrantes da quadrilha soltos. ?As investigações continuam agora para prendermos do restante deles?.
