O Brasil parou na noite de quarta-feira para ver uma partida de futebol. O Fluminense, do Rio de Janeiro, perdeu a final da Copa Libertadores da América para a Liga Deportiva Universitária (LDU), de Quito, no Equador. O jogo, no Maracanã, foi dramático, e contou com vários toques de tragédia. Necessitando vencer por três gols de diferença, a equipe carioca sofreu um gol nos primeiros minutos, e graças ao paranaense Thiago Neves, que marcou três vezes, conseguiu levar a partida para a prorrogação. Nesta, houve empate, e a decisão foi para os pênaltis. Aí valeu a sorte e a competência do folclórico goleiro equatoriano Cevallos, que defendeu três cobranças brasileiras, e deu o título para a LDU.
A perda do título foi um golpe para noventa mil pessoas que estavam no Maracanã e por isso o jogo de quarta já é comparado com o famoso ?Maracanazo?, quando a seleção do Uruguai venceu o Brasil na final da Copa do Mundo de 1950.
Mas foi, acima de tudo, a vitória da humildade. Não que os equatorianos sejam exemplos de civilidade, mas sim porque os brasileiros deram um espetáculo de prepotência e arrogância. Antes da partida final, o técnico do Fluminense, Renato Gaúcho, disse que não havia a menor possibilidade de sua equipe sair do estádio sem o título. Afirmou que os rivais sentiriam o peso de jogar no Rio de Janeiro, e que se fossem necessários dois, três ou quatro gols, seu time os faria.
Durante a decisão por pênaltis, com o tricolor carioca em desvantagem, o goleiro Fernando Henrique defendeu uma cobrança dos visitantes. Ao invés de comemorar e incentivar seus companheiros, o arqueiro preferiu sair pulando como se tivesse conquistado o título, incitando o público a chamar por seu nome (pedindo aplausos, inclusive) e fazendo um espetáculo para a televisão.
O desejo de aparecer e de aparentar superioridade foi fatal para o Fluminense. Para nós, paranaenses, nada de novo. Somos acostumados a ver prepotência e arrogância saindo do Palácio das Araucárias, enquanto o Estado suplica por ações e realizações sem bravatas e fanfarronices.