Após um período de esquecimento, retornou à pauta da Assembléia Legislativa o assunto dos cartões corporativos. Os tais cartões provocaram os grandes constrangimentos da política brasileira em 2008 provocando queda de ministra (Matilde Ribeiro, da Igualdade Racial) e explicações inusitadas de ministros, como Orlando Silva, do Esporte, que teve que justificar a compra de uma tapioca com dinheiro público.
Pois bem. Isto aconteceu porque os dados estão divulgados, no Portal da Transparência do governo federal. Lá estão, não podem ser negados. Cabe à sociedade consultar e acompanhar o que cada ministro, cada membro do segundo escalão faz com seus cartões. Se vamos lá ver ou não, é outra história – mas a classe política faz isso, até porque é obrigação.
Aqui no Paraná, ninguém sabe o que acontece. Os dados foram repassados pelo governo aos deputados estaduais depois de muita conversa e das negativas sempre prepotentes do governador do Estado. Quando foram entregues, vieram em mais de cem caixas, com poucas identificações e dificultando ainda mais o trabalho de quem iria analisar as informações.
Agora, depois de quase dois meses verificando cada gasto, os deputados tiveram uma triste constatação: a imensa maioria das informações repassadas à Assembléia não tem o menor interesse e as que poderiam ser analisadas com rigor estão incompletas. Portanto, as suspeitas de irregularidades com cartões corporativos seguem sendo apenas suspeitas, graças a uma manobra rasteira do governo estadual.
Nada de novo para um grupo que se notabilizou, nos últimos anos, em não aceitar a existência de oposição e a crítica de suas atitudes. Logo um governo ?de esquerda?, que se orgulha de ser formado por pessoas que lutaram contra a ditadura militar – o tal ?velho MDB de guerra? que tanto fala o governador. Eles seguem, sim, os preceitos de governos de extrema liberdade, como os da Venezuela, do ídolo maior do mandatário do Palácio das Araucárias Hugo Chávez.