O deputado José Janene (PP-PR) deverá prestar hoje depoimento perante o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, encerrando o ciclo de julgamento dos deputados relacionados pela CPI dos Correios como beneficiários do esquema de aluguel de votos bolado pelo ex-ministro José Dirceu e operado por Delúbio Soares e Marcos Valério de Souza.

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Janene é o último dos congressistas citados pelo ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) a ter o processo julgado, porque conseguiu mediante recursos regimentais procrastinar um depoimento já bastante atrasado pelos pedidos de vista do processo pelo dissimulado calculismo da relatora Ângela Guadagnin (PT-SP) – a dançarina da pizza – finalmente afastada do referido conselho. Por último, o deputado valia-se do atestado médico de uma junta indicada pela Mesa da Câmara, diagnosticando uma cardiopatia congênita.

Dessa forma, Janene encaminhou o pedido de aposentadoria como deputado federal alegando incapacidade para o trabalho, expediente negado entrementes pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), até o julgamento final do processo de cassação do mandato. A favor de Janene poder-se-ia alegar a absolvição em plenário dos parlamentares que tiveram a perda do mandato aprovada pelo Conselho de Ética, numa espécie de reversão das expectativas e absoluto descrédito ao trabalho dos relatores.

Mas, o complicador veio com o seqüestro dos bens e o bloqueio dos ativos financeiros em nome de Stael Fernanda Janene, mulher do deputado, por determinação da Justiça Federal. Stael trabalhou como assessora parlamentar do marido, com salário nominal de R$ 5 mil e desde 2003 acumulou patrimônio avaliado em R$ 2 milhões, considerado incompatível com os rendimentos pessoais declarados.

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Citado pelo próprio Marcos Valério como um dos principais recebedores dos recursos obtidos mediante empréstimos no Banco Rural – assinados no escuro por José Genoino, ex-presidente nacional do PT – Janene teria sacado em torno de R$ 4,5 milhões para repasses posteriores à bancada pepista.

Janene será o último da lista dos indiciados no escândalo do mensalão a passar pelo Conselho de Ética e pelo plenário da Casa. Jefferson havia dito que depois de tudo poucos seriam cassados: ele, Dirceu, Pedro Correa e José Janene. Até agora ele conseguiu evitar o pior, inclusive com o afastamento forçado das atividades da Câmara. A premonição de Jefferson vai se cumprir?

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