Premier israelense admite diálogo com o Líbano

Os bombardeios israelenses e os disparos de foguetes do grupo xiita libanês Hezbollah prosseguiram ontem com intensidade, mas pela primeira vez os dois lados abriram caminho ao diálogo. O primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, declarou que vê o primeiro-ministro do Líbano, Fuad Siniora, como ?um parceiro para o diálogo?. ?Não estamos em guerra com o povo libanês e não temos nenhuma intenção de prejudicar sua qualidade de vida?, disse Olmert. ?O primeiro-ministro Fuad Siniora é um parceiro para o diálogo, e talvez isso seja possível.

Seu ministro da Defesa, Amir Peretz, anunciou que Israel aceitaria o envio de uma força multinacional de paz para a fronteira entre o Líbano e Israel, para impedir as operações do Hezbollah na área. Peretz enfatizou que a meta de Israel é ver o Exército do Líbano estacionado ao longo da fronteira.

Mais soldados israelenses entraram no Líbano ontem à noite e, depois de 48 horas de confrontos com o Hezbollah, o Exército de Israel consolidou a ocupação do vilarejo de Maroun al-Ras, a 3 quilômetros da fronteira. Segundo o diário britânico The Guardian, Israel se prepara para lançar uma ofensiva na região de Tiro, de onde são disparados foguetes contra a cidade israelense de Haifa

Já o grupo xiita aceitou que o governo libanês – do qual faz parte – lidere as negociações para um acordo pelo qual libertaria os dois soldados israelenses que capturou em troca de Israel soltar presos árabes. O conflito começou depois que o Hezbollah invadiu Israel, em 12 de julho, para capturar os soldados.

É a primeira vez que o grupo aceita conceder ao governo do Líbano autoridade para negociar troca de presos. Em outras ocasiões, enviados da Alemanha atuaram como mediadores entre Israel e o Hezbollah

No entanto, oficialmente Israel mantém a mesma posição: não libertará prisioneiros e só interromperá os bombardeios e retirará suas tropas de território libanês depois que os soldados forem soltos e o Hezbollah for removido de perto da fronteira. A chanceler Tzipi Livni insistiu que o cessar-fogo terá de ser ?sem condições? , bem como a libertação dos militares.

O comando militar de Israel indicou que a ofensiva deve continuar por mais uma semana ou até 10 dias. Segundo o diário israelense Haaretz, a secretária americana de Estado, Condoleezza Rice – esperada hoje em Jerusalém – só anunciaria o fim das hostilidades no próximo domingo. Os EUA apóiam a conduta de Israel no Líbano e não pediram um cessar-fogo. Condoleezza se reunirá com Olmert e também com o presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmud Abbas.

O objetivo da diplomacia americana é enfraquecer a Síria e o Irã países que apóiam e financiam o Hezbollah. O diário americano The New York Times salientou, citando fontes no governo, que a prioridade da Casa Branca é isolar a Síria, pressionando-a de forma a romper seus laços com o Irã – o que dificultaria o envio de armamento para o Hezbollah

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