Pescadores e piscicultores do Sul do País já perderam R$ 60 milhões com a estiagem na região. O valor considera a redução de produção de 30 mil toneladas de peixe e o preço médio de venda de R$ 2 por quilo. O levantamento preliminar das perdas foi divulgado hoje pela Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca da Presidência da República.
Um relatório com as informações foi encaminhado hoje à Casa Civil, que coordena o grupo de trabalho encarregado de avaliar os efeitos da seca no Sul do País. No RS, SC e PR 3,6 milhões de pessoas, em 466 municípios, foram afetadas pela estiagem. "A oferta de pescado diminuirá num momento de aumento de consumo, a Semana Santa", lembrou o gerente executivo regional Sul da secretaria, Luís Alberto de Mendonça Sabanay.
A falta de chuvas afetou diretamente 25.900 piscicultores e pescadores da região. O oeste de Santa Catarina e o sudoeste do Paraná são regiões produtoras de peixes em sistema de viveiros. No Rio Grande do Sul, a diminuição do nível do rio Uruguai interrompeu a pesca artesanal, aponta o relatório.
Sabanay reuniu-se no sábado (12) com representantes dos pescadores e dos governos estaduais para discutir os prejuízos causados pela seca. Em documento elaborado após o encontro, no município catarinense de Chapecó, eles pediram ao governo federal crédito específico para piscicultores e pescadores prejudicados pela estiagem.
O grupo também pediu negociação para parcelamento e prorrogação das dívidas que vencem neste ano. "As dívidas vencerão em abril, mas eles perderam a produção e não terão dinheiro para quitá-las", alertou Sabanay, sem citar valores. Explicou que parte dos pescadores estão ligados ao Programa Nacional de Incentivo à Agricultura Familiar (Pronaf) e serão beneficiados por medidas de apoio anunciadas na sexta-feira (11) pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto.
Fundo
Outro pedido é para criação de fundo de amparo aos piscicultores e pescadores que não tiveram acesso ao crédito bancário, mas perderam muito. O grupo também pediu a adoção do seguro especial do governo federal para os atingidos. O seguro garante o pagamento de um salário mínimo mensal por pescador durante o período de paralisação da atividade pesqueira.