Prefeitura garante atendimento escolar à criança hospitalizada

Os professores da rede municipal de ensino podem ser liberados das atividades na escola para ensinar crianças internadas ou em tratamento ambulatorial. É que a Prefeitura mantém convênios com hospitais de Curitiba, permitindo que os professores ofereçam acompanhamento escolar para a criança durante o período em que ela não pode freqüentar a escola.

Atualmente, 16 professores municipais estão ensinando meninas e meninos nos hospitais e entidades com os quais a Prefeitura mantém convênio – Hospital de Clínicas, Associação Paranaense dos Hemofílicos, Fundação Criança Renal, Hospital Infantil Pequeno Príncipe, Hospital Evangélico de Curitiba e Hospital Erasto Gathner.

A hospitalização escolarizada garante que, depois de deixar o hospital, a criança tenha condições de acompanhar os colegas sem defasagem nos conteúdos. "Para isso, o trabalho no hospital segue o mesmo currículo da escola de origem da criança", explica a gerente pedagógica da Secretaria Municipal da Educação, Maria Leonor Nunez.

No Pequeno Príncipe, por exemplo, trabalham sete professoras, quatro delas mantidas pela Prefeitura de Curitiba. "O acompanhamento escolar é uma forma de oferecer normalidade para as crianças que são subtraídas do seu cotidiano e colocadas em um espaço estranho, com uma rotina médica que não foi escolhida por ela", diz o coordenador do Setor de Educação e Cultura do Hospital Pequeno Príncipe, Cláudio Teixeira.

A criança não é obrigada a participar do ensino levado pelos professores, mas praticamente todas elas aderem às atividades, que, inclusive ajuda no tratamento.

Dentro do hospital, os professores procuram a escola onde a criança estuda para obter informações sobre o aprendizado e a rotina escolar. Isso facilita para que haja continuidade das atividades pedagógicas com leitura e escrita, artes e jogos educativos.

As atividades respeitam o momento da criança e seguem orientações do corpo clínico. Assim, o ensino tanto pode acontecer em salas de atividades, em grupo, ou até no próprio leito, individualmente.

Médicos e professores

No Hospital Pequeno Príncipe a experiência de colocar professores atuando ao lado de médicos e enfermeiras já acontece desde 1998. O hospital ganhou até mesmo um setor específico para a educação.

O Pequeno Príncipe recebe por ano cerca de 20 mil internamentos – 70% dos quais por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). "Precisamos da colaboração de parceiros como a Secretaria Municipal da Educação para realizarmos nosso trabalho", afirma o coordenador do setor de educação e arte, Cláudio Teixeira.

Um dos projetos desenvolvidos é o "Olhar de Artista", que incentiva as crianças a produzir e entender a arte. Coordenado pela arte-educadora municipal Yvelise Pereira Valim, o trabalho coloca as crianças em contato com grandes nomes das artes, incentivando-os a desenhar e pintar.

Yvelise enche um carrinho de supermercado com livros, tintas coloridas, lápis, pincéis, brinquedos e dezenas de materiais lúdicos e pedagógicos. Quando chega ao hospital vai passando pelos leitos, convidando os pequenos pacientes e participar. "A adesão é de quase 100%", comemora a professora.

O envolvimento das crianças foi tão grande que o hospital chegou a organizar uma mostra onde foram apresentados cerca de quarenta trabalhos produzidos em guache sobre o papel, por meninos e meninas. Os trabalhos ficaram expostos de 24 de junho a 19 de julho na Praça do Bibinha, a área de visitação do hospital. Uma das pinturas pertence a Lidicéia Sales dos Santos, garota de 15 anos que veio de Salvador, para tratamento em Curitiba. "São árvores que fiz com pinceladas batidas no papel. Gostei muito do resultado final", disse a garota, que se inspirou na paisagem de sua terra natal.

André Luís Dosena também fez questão de participar. Aos sete anos, o menino que saiu de São João do Sudoeste, no interior do Paraná, participa de quase todas as atividades oferecidas no hospital como forma de driblar a saudade da escola. "Pintei um carro e uma casa", disse. O soro, preso na mão direita, obrigou o menino a fazer sua obra usando apenas a mão esquerda. "Foi emocionante".

Uma nova exposição para a apresentação dos trabalhos já está sendo organizada. Dessa vez as pinturas ficarão expostas no Centro Brasil Espanha. A vernissage está prevista para acontecer no dia 19 de agosto.

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