A Prefeitura iniciou nesta terça-feira (7) a limpeza dos monumentos da Praça 19 de Dezembro, para eliminar pichações feitas por vândalos. A operação, realizada por equipes da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, com supervisão da Fundação Cultural de Curitiba, deverá durar duas semanas e será restrita às obras em granito.
O trabalho tem apoio da Associação dos Restauradores e Conservadores dos Bens Culturais e faz parte do Programa Marco Zero, lançado pelo prefeito Beto Richa em agosto passado, e que prevê uma série de intervenções no centro da cidade e seu entorno.
A limpeza abrange a face oeste do painel em granito do artista curitibano Poty Lazzaroto (1924-1988), o obelisco e o Homem Nu, do também paranaense Erbo Stenzel (1911-1980), e a Mulher Nua, do paulista Humberto Cozzo (1900-1981). O painel de Poty, elaborado em azulejos, que fica na face leste, em frente à Escola Tiradentes, também sujo por vândalos, deverá ser limpo numa outra etapa, com utilização de outros produtos e métodos de limpeza.
O trabalho de limpeza está sendo feito com ajuda de um solvente à base de acetona, que derrete a tinta de pichação. Esse produto – biodegradável pouco abrasivo e aprovado por restauradores e ambientalistas – é misturado na água e aplicado em jatos nos monumentos após a limpeza com cerdas plásticas. "A preservação desse conjunto artístico é importante, porque reúne o trabalho de três consagrados artistas que ajudaram a contar, num só espaço, a história do Brasil Meridional, em especial a do centenário da emancipação política do Paraná", disse o diretor de Parques e Praças da Secretaria do Meio Ambiente, Marcus Vinicius Senegaglia Jorge.
Olhar histórico
As obras dos três artistas ocupam o antigo Largo do Nogueira, atual Praça 19 de Dezembro. O painel, o obelisco e o Homem Nu foram inaugurados no centenário da Emancipação Política do Paraná, em 19 de dezembro de 1953, pelo então governador Bento Munhoz da Rocha Netto.
O painel de azulejos de Poty Lazzarotto representa a evolução política do Estado; o painel em granito, de Erbo Stenzel, em alto relevo, representa os ciclos econômicos do Paraná; e o obelisco foi construído em comemoração ao centenário em 1953. Já o Homem Nu, também de Erbo Stenzel, representa o Paraná emancipado e sem medo do futuro. A Mulher Nua, do paulista Humberto Cozzo, que originalmente ficava nos fundos do Palácio Iguaçu, foi trazido à praça a fim de complementar o conjunto e representar a Justiça.
Os artistas
Nascido em Paranaguá, Erbo Stenzel, professor, enxadrista e escultor, deixou importantes obras em Curitiba. Sua antiga casa é, hoje, um espaço cultural no Parque São Lourenço.
Napoleon Potyguara Lazzarotto, o Poty, pintor e ilustrador curitibano, estudou em Paris e deu aulas na Bahia, Recife e Curitiba. Ilustrou livros de Graciliano Ramos, Jorge Amado, Euclides da Cunha e Machado de Assis. Autor de inúmeros murais, fez também o da Casa do Brasil (Paris – 1950), e o painel para o Memorial da América Latina (São Paulo – 1988).
Humberto Cozzo, paulistano, nascido Bartolomeu Cozzo, escultor formado pelo Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo em 1920, foi primeiro lugar de escultura no Salão do Centenário, em São Paulo (1922). Conhecido pelas obras em espaços públicos, fez o monumento a José de Alencar (Fortaleza) e o monumento a Machado de Assis, no pátio da Academia Brasileira de Letras (Rio de Janeiro). Tem também obras na Argentina e Portugal.
Marco Zero
O Programa Marco Zero, lançado em agosto de 2005 pelo prefeito Beto Richa, tem como objetivo revitalizar dois grandes eixos centrais e seus entornos. O primeiro, que vai da Praça Osório à Praça Santos Andrade, é formado pela Avenida Luís Xavier e a Rua XV de Novembro. O segundo, pelas ruas Barão do Rio branco e Riachuelo, entre a Praça Eufrásio Correia e o Passeio Público. Também fazem parte do estudo de revitalização pontos como o Terminal do Guadalupe e as praças Ruy Barbosa e Carlos Gomes, além de todo o Setor Histórico.
A limpeza dos monumentos é uma das atividades do programa que ainda prevê, entre outras, a poda de árvores, manutenção de telefones públicos, manutenção e recuperação de mobiliário urbano, lavagem das Arcadas do Pelourinho, adequação da iluminação pública em vários pontos centrais, além de recuperação de ruas e calçadas.
O Programa Marco Zero – nome emprestado do monumento em frente à Catedral Basílica Menor, indicando o marco zero de Curitiba -, está sendo executado em etapas e inclui também obras de fresagem e recape asfáltico de ruas centrais.
Parte de algumas ruas, como trechos da Dr. Muricy e Cândido de Leão, da Travessa Moreira Garcez e da lateral da Praça Generoso Marques, já foram beneficiadas pelo programa.