O prefeito de Curitiba, Beto Richa, elogiou a superoperação realizada em março pelas polícias Civil e Militar na Vila das Torres, uma das regiões que eram consideradas mais violentas da cidade. A manifestação do prefeito foi feita nesta segunda-feira (4) ao governador Roberto Requião durante a reunião da operação Mãos Limpas, da qual participaram outros prefeitos da região metropolitana.
Segundo o prefeito, houve uma redução da criminalidade após a operação, que envolveu cerca de 700 policiais e que durou quase 30 dias. O prefeito disse ainda que, assim que terminou a ação especial, determinou a introdução de ações da prefeitura como esporte, lazer, cultura e de saúde no local, atendendo sugestão do governador.
Beto Richa salientou que agora outras ações de segurança pública vão acontecer em Curitiba, em parceria com o governo estadual. Disse ainda que a prefeitura tem sido rigorosa na concessão e na renovação de alvarás para bares, como solicitou o governador Requião. Ele concorda que a proliferação de bares contribui para o aumento da criminalidade.
Segundo o governador Roberto Requião, são em reuniões como as que realiza com os prefeitos que ele pode ficar sabendo como as coisas acontecem na prática. ?Não fosse a intervenção dos prefeitos, não poderia ficar sabendo que muitas das nossas determinações ainda ficam presas a vícios antigos que precisam ser removidos?, declarou.
Integração
O superintendente da Polícia Federal no Paraná, delegado Jaber Saadi, destacou que a ação integrada das polícias no Paraná tem sido elogiada também em Brasília. Ele se referiu principalmente à superoperação policial realizada em Curitiba e em Foz do Iguaçu, que contou com a participação das polícias civil e militar, judiciário e entidades representantes da comunidade.
?As operações desencadeadas no Paraná têm sido um exemplo de combate à criminalidade e de respeito à sociedade, segundo a avaliação da Polícia Federal em Brasília. Não se combate a criminalidade sem o apoio de todas as forças da sociedade?, salientou.
Projeto Povo
Durante o encontro, o chefe da Casa Militar, major Anselmo José de Oliveira, comunicou aos prefeitos que o projeto Povo, de policiamento ostensivo, será implantado neste semestre nos municípios de São José dos Pinhais, Piraquara, Araucária, Campo Largo e Almirante Tamandaré.
Para o segundo semestre, acrescentou o chefe da Casa Militar, está prevista a implantação do projeto em mais 42 bairros de Curitiba e também no município de Pinhais. Atualmente, o efetivo reforçado está presente em 23 bairros da capital.
Anunciou ainda que alguns municípios da RMC terão viaturas específicas para a Patrulha Escolar. ?Para os municípios menores, os efetivos policiais receberão treinamento especializado para atender as ocorrências nas escolas e no seu entorno?, explicou.
Prefeituras e polícia
Durante o encontro, realizado no Palácio Iguaçu, o governador Roberto Requião aproveitou para recomendar aos prefeitos que não repassem verbas de alimentação ou de manutenção de veículos para policiais militares e civis que prestam serviços nos municípios.
Salientou que qualquer auxílio material do município para a Segurança Pública tem que ser feito via convênio com a Secretaria de Segurança Pública e que a ajuda fora dessa regulamentação é inconstitucional.
A informação de que policiais militares estão solicitando verbas para manutenção de veículos e alimentação partiu do prefeito de Piraquara, Gabriel José Samaha. Ele manifestou preocupação com o assunto porque é preciso prestar contas.
Segundo Requião, esse repasse é inconstitucional e a Secretaria da Segurança Pública tem verba para esses gastos. ?Qualquer repasse nessa linha feito pelos prefeitos pode estar sendo embolsado pelo policial?, alertou.
O governador disse que vai acabar com o repasse de verbas para manutenção de veículos aos policiais. ?Há casos de oficinas de fundo de quintal que se transformaram em mega-oficinas. Não há controle desse dinheiro e o policial não tem que andar com dinheiro público?, enfatizou.
Requião salientou, no entanto, o esforço do secretário da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, e do comandante geral da Polícia Militar, coronel David Pancotti, em cumprir suas determinações. ?Mas existe uma burocracia, que é um vício da corporação e que resiste às mudanças?, ponderou.
?Estamos lutando contra essa situação que emperra o bom andamento dos trabalhos?, disse ainda. Para garantir agilidade no cumprimento das determinações, Requião determinou a substituição imediata dos comandos que não cumprem as determinações de seus superiores.