São Sebastião da Amoreira, PR – O prefeito de São Sebastião da Amoreira, Jorge Takassumi (PL), afirmou hoje (8) estar "perplexo" pela falta de comunicação do Ministério da Agricultura, que anunciou terça-feira a existência de um foco de febre aftosa – o primeiro confirmado no Paraná – no município. "Por que o Ministério informou formalmente os organismos internacionais e, até agora não comunicou oficialmente nem o governo do Estado nem o meu município, que está na linha de frente do problema?", queixou-se Takassumi.
O prefeito, que retornou nesta quinta-feira a Amoeira após reunir-se, em Curitiba com o vice-governador e secretário de Agricultura, Orlando Pessuti, disse que somente decidirá o que fazer após ser informado oficialmente pelo Ministério da Agricultura. A imposição de barreiras sanitárias, procedimento obrigatório em situações similares, deverá se estender a um raio de 10 quilômetros da Fazenda Cachoeira, que, de acordo com o Ministério, abriga 209 animais portadores do vírus. Neste caso, cinco municípios, além de Amoreira, serão atingidos: Assaí, Nova América da Colina, Santa Cecília do Pavão, Santo Antonio do Paraíso e Nova Fátima.
"Estou entre a cruz e a espada: o governo federal insiste que o Paraná tem a aftosa e o governo do Estado, por sua vez, garante que estamos livres da doença", observou Takassumi. O governador Roberto Requião (PMDB) anunciou hoje, em visita à Exposição Agropecuária e Industrial de Cascavel – esvaziada por causa da aftosa -, que o Estado irá contestar judicialmente o anúncio do Ministério da Agricultura.
Segundo ele, uma das primeiras medidas que adotará, assim que for notificado da presença do vírus em Amoreira, será interditar o abatedouro municipal, onde são sacrificados 15 animais em média por semana. Esse abatedouro abastece os dois açougues da cidade. Os três mercados que também comercializam carne adquirem o produto em frigoríficos de outras localidades, certificados pela inspeção sanitária federal.
O prefeito estima que Amoreira terá pouco prejuízo econômico assim que ficar sob intervenção sanitária, uma vez que a pecuária é uma atividade secundária no município. A agricultura é atividade predominante e exercida em 95% das propriedades rurais. "Nosso rebanho é de cerca de 5 mil bovinos", estimou Takassumi. A Fazenda Cachoeira cria, em regime de confinamento, 2.212 animais.
Porteira aberta
As 209 novilhas da Fazenda Cachoeira apontadas como portadoras do vírus da aftosa não apresentaram até agora nenhuma manifestação clínica da doença, segundo os administradores da propriedade, que abriram as porteiras nesta quinta-feira para que a imprensa observasse o rebanho. Laboratório Nacional de Agropecuária de Porto Alegre (RS) constatou que 22% desse plantel reagiu aos testes sorológicos e, portanto, é portador do vírus. O exame definitivo – o Pro-bang – ainda não foi concluído.
O gerente de gado da fazenda, Isael Pereira dos Santos, afirmou que o plantel está isolado desde que chegou de Eldorado (MS), desde o início de outubro. "O gado está sadio", atestou, observando que cada novilha engordou em média 60 quilos nesse período. O plantel tem 30 meses de idade em média e cada animal pesa cerca de 350 quilos. As novilhas foram adquiridas da Fazenda Bonanza, de Eldorado, que esteve sob observação, mas, há duas semanas, o Ministério da Agricultura autorizou que todo o seu rebanho fosse vacinado contra a febre aftosa.