A Petrobras, que não tem concorrentes à altura e tira todo proveito possível de sua situação, anunciou, menos de uma semana após abertas as urnas do segundo turno, um aumento encorpado nos preços da gasolina, gás de botijão, óleo diesel e demais derivados do petróleo. Os reajustes, que deverão ter alto significado na inflação deste mês, foram decorrência – segundo se anunciou – da alta do dólar e do aumento dos preços internacionais do petróleo. Coincidência ou não, o aumento foi anunciado na véspera do feriado de Finados, quando as pessoas já se preparavam para viajar já um pouco mais aliviadas com o dólar em queda.

Os novos preços anunciados pela Petrobras sofreram alteração de 12,09% para o preço da gasolina (9% na bomba), 20,5% para o preço do óleo diesel (17% na bomba), 22,8% para o preço do gás de cozinha ? GLP (12% no botijão de 13 quilos), para citar apenas três dos produtos majorados. Para o consumidor final, na verdade, os valores não serão os mesmos, mas todos os novos preços terão reflexos imediatos na economia, alterando os custos em cadeia de quase todos os produtos.

Somados a aumentos anteriores, o reajuste atual assusta. O querosene de aviação subiu, somente neste ano, mais de cem por cento (em torno de 105%) e representa, segundo o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias, um quarto dos custos totais das companhias aéreas que, naturalmente, vão repassar os aumentos para os preços finais, isto é, para os bilhetes aéreos. O mesmo acontecerá com os preços das passagens de ônibus (urbanos e interurbanos), trens e fretes em geral. Frete mais caro, é alta certa nos preços de todo e qualquer produto transportado – do sapato à cabeça de alface.

Junto com o aumento, a Petrobras – e não a Agência Nacional do Petróleo, a quem cabia a tarefa – anunciou o fim da intervenção do governo no preço do gás liquefeito de petróleo. A ANP determinara no começo de agosto último uma redução de 12,4% nos preços do gás de cozinha para evitar catástrofe maior na eleição. Embora o governo e a Petrobras neguem, a data escolhida para determinar os reajustes, agora, foi ditada por razões políticas. Antes desse último aumento, o preço do botijão acumulava alta de 63,3% na refinaria e de 39% para o consumidor.

Curioso também é observar a preocupação da Petrobras de, com a alta determinada, ditar também os valores que devem ser praticados no distribuidor terminal ou, como se diz, na bomba de gasolina. Ao contrário do que se pensa, essa atitude da estatal – dizem os sindicatos de comércio varejista de derivados de petróleo – pode vir a prejudicar o consumidor, uma vez que nem sempre o dono do posto pode estar pensando em elevar o preço tanto quanto a Petrobras julgou necessário.

Cortando gorduras, sob pressão da concorrência ou sob o fogo cruzado dos consumidores com cintos cada vez mais apertados, o comércio em geral tem assimilado custos e segurado as pontas, evitando até aqui uma disparada maior de preços. A Petrobras, montada no lucro de um monopólio disfarçado, esqueceu sua bandeira. Verde-amarela é apenas sua marca.

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