São Paulo – A alta do preço do álcool combustível está fazendo com que ele perca a competitividade de preço com a gasolina em vários Estados, de acordo com estudo do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP). Segundo as pesquisadoras Heloisa Lee Burnquist e Mirian Bacchi, apenas no Estado de São Paulo a relação do álcool combustível com a gasolina continua mais interessante para o álcool e na mesma proporção observada em dezembro de 2004, de 57,7%, segundo dados da Associação Nacional do Petróleo (ANP).
Alguns especialistas indicam que o limite para a relação de preços gasolina/álcool hidratado estaria no intervalo de 60% a 70%, dependendo da marca/modelo do carro, ou seja, quando o preço do hidratado ultrapassa a faixa de 60% a 70% do preço da gasolina compensa abastecer com gasolina.
O Cepea informa que, no Rio Janeiro, por exemplo, a relação está em 67,8%; em Mato Grosso e no Distrito Federal, em 67%; e, na Bahia, em 65,3%. No Rio Grande do Sul, o limite já foi ultrapassado. O litro do álcool hidratado, ao consumidor, teria custado em média R$ 2,104 na última semana, equivalendo a 77,5% do valor da gasolina.
O consultor Plínio Nastari, da Datagro Consultoria, ressalta, contudo, que a maior demanda por álcool se concentra no Estado de São Paulo, onde a competitividade do álcool é maior enquanto os demais Estados respondem por proporções reduzidas do consumo total brasileiro. "No mercado mais expressivo, o álcool continua competitivo e deve continuar assim mesmo durante a entressafra", disse.
No Estado de São Paulo, os dois tipos de álcool têm valorizações sucessivas desde meados de novembro nos preços nas usinas, segundo dados do Cepea. Nas cinco últimas semanas, o aumento do anidro carburante foi de 18,1% e do hidratado, de 19 5%.
Na média parcial da safra, entre maio e novembro, pesquisadores do Cepea verificam que o preço do álcool hidratado comercializado pelas usinas paulistas esteve 4,2% superior, em termos reais, frente ao mesmo período da safra passada. Já o aumento real no preço médio do álcool anidro, que é misturado em 25% à gasolina, foi de 2,09%, se comparado ao mesmo período da safra passada.
