O câmbio fraco derrubou os preços de produtos intensivos no uso de peças importadas este ano, principalmente de eletroeletrônicos. Levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV) a pedido do jornal O Estado de S.Paulo, mostra que os preços dos equipamentos eletrônicos em 2006 estão no nível mais baixo dos últimos seis anos. De janeiro a outubro, acumulam queda de 13,85%, mais intensa que o de igual período de 2005 (5,65%).
Para o economista da FGV André Braz, o fato de o dólar médio no fim deste ano estar abaixo do verificado no fim de 2005 foi decisivo para compor o cenário. Ele explicou que, como houve desvalorização cambial em 1999, não seria correto comparar com os preços dos eletroeletrônicos daquele ano. "O que acontece em 2006 é que os fabricantes de eletroeletrônicos sentiram o dólar baixo e isso se refletiu nos custos, já que é um setor que usa muitas peças importadas", disse.
Ele lembrou que a percepção de preços mais baixos nem sempre é perceptível ao consumidor, que costuma fazer pesquisa de preços em períodos muito curtos. "O consumidor vai até uma loja, vê um produto eletroeletrônico e sente que está mais caro do que no mês anterior. Se ele for comparar com o que era no ano passado, perceberá que está mais barato", observou.
Segundo ele, vários destaques de quedas de preços no setor são de produtos muito procurados no Natal, o que pode contribuir para elevar as vendas no fim deste ano.
O impacto do câmbio este ano foi tão forte que também afetou, embora com menos força, o setor de eletrodomésticos. Embora esse setor tenha menor uso de peças importadas, alguns itens de maior valor agregado também tiveram queda de preço expressiva.
Braz explicou que, de janeiro a outubro, o setor de eletrodomésticos e equipamentos (que abrange os eletroeletrônicos), teve queda de preço de 0,48%, também a mais intensa em seis anos. "Se separarmos os eletrodomésticos, esses itens tiveram alta de preços acumulada de 6,21% de janeiro a outubro", disse Braz. "Então, são os produtos eletroeletrônicos que estão puxando para baixo o resultado total de preços do setor.
O presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Paulo Saab, admitiu que a queda do dólar favoreceu o setor, por um lado, ao baratear o custo dos componentes importados e também dos produtos finais importados. "Isso se refletiu em queda de preços, principalmente na linha de imagem e som", explicou.