Rio – Os preços de referência do mercado atacadista de energia caíram para R$ 16,96 por MW/h, o que representa queda de 7,47% ante os R$ 18,33 por MW/h que vigoraram até o mês passado. Os novos valores foram fixados pela Resolução 267 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), refletindo a queda da cotação do dólar ante o real no ano passado.
Devido ao grande volume de chuvas nas últimas semanas, especialmente no Sudeste/Centro-Oeste, os preços da energia elétrica caíram para o piso fixado pela Aneel nos quatro sub-mercados (Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Norte e Nordeste), nos três horários (tarifas leve, médio e pesada). É a quinta semana seguida que os preços de referência no mercado atacadista permaneceram no piso fixado pela Aneel.
A queda dos preços reflete o grande volume de água nos reservatórios das grandes hidrelétricas, conforme acompanhamento do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o que dá tranqüilidade na oferta de energia elétrica nos próximos dois anos. No final do mês passado, os reservatórios estavam em torno de 66,99% da capacidade máxima de armazenamento, o que é o maior nível registrado nessa época do ano nos últimos cinco anos. As hidrelétricas das principais bacias já estão vertendo água, especialmente a do Paranaíba, a do Tietê e a de Paranapanema.
Outro fator foi a evolução da demanda, que ficou abaixo das projeções do ONS. Na região Sudeste, a carga média (consumo) ficou 1,22% abaixo do Programa Mensal de Operação (PMO) de dezembro. No Nordeste, a carga/consumo ficou 2,46% abaixo da previsão inicial e no Sul o patamar foi 0,04% abaixo do previsto. A única região que registrou aumento em relação ao previsto foi o Norte (0,56%), refletindo o grande movimento das empresas exportadoras de alumínio na região.
Além da demanda, especialmente por parte do setor industrial, o consumo de energia está diretamente ligado à temperatura média do País. No mês de dezembro, a temperatura no Sudeste ficou abaixo da média histórica.
Os dados do ONS apontam para um grande conforto na oferta de energia elétrica a curto prazo (até dois anos). Segundo dados do órgão, responsável pela operação das grandes geradoras de energia no País, os reservatórios no Sudeste/Centro-Oeste estavam em 67,13% no final do mês passado, o que indica uma sobra de 40,13 pontos percentuais em relação à curva de aversão ao risco.
Em dezembro de 2004, o percentual era de 64,71%, e de apenas 37 40% no final de 2003. Nesses últimos dois anos, com as fortes chuvas e a demanda franca, houve uma forte recuperação dos níveis dos reservatórios das hidrelétricas.
Nas outras regiões, os reservatórios também estão em níveis confortáveis. As hidrelétricas do Nordeste encerraram dezembro no nível de 67,08% da capacidade máxima de armazenamento, o que indica sobra de 45,08 pontos percentuais em relação à curva de aversão ao risco. No final de 2004, os reservatórios do Nordeste estavam em 58,92% da capacidade máxima de armazenamento e em apenas 14,16% no final de 2003.
No Norte, os reservatórios estavam em 48,14% do limite de armazenamento, ante os 31,10% no final de 2004 e 20,46% no final de 2003. No Sul, os reservatórios encerraram 2005 no patamar de 78,82% da capacidade máxima de armazenamento, com 53,82 pontos percentuais de folga em relação à curva de aversão ao risco. Ao contrário das outras regiões brasileiras, no Sul o período molhado (de chuvas) começa em abril/maio.