Preço de alimentos “in natura” faz IPC-S subir 0,34%

Rio – Os alimentos "in natura" foram responsáveis por 45% da taxa do Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) de até 30 de abril, que subiu 0,34%, acima do resultado do indicador anterior, de até 22 de abril (0,24%). A informação é do economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Braz. Segundo ele, houve deflação menos intensa nos preços de Frutas (de -1,42% para -0,31%), na passagem do indicador de até 22 de abril para o índice de até 30 de abril. "Não é que houve perda de fôlego na deflação em todas as frutas, de forma generalizada. É que houve quedas menos intensas em algumas frutas de peso na formação do indicador", explicou o economista.

De acordo com Braz, deflações mais fracas foram registradas nos preços de banana prata (de -7,98% para -6%); e maçã nacional (de -16,76% para -11,79%). Além disso, houve aceleração no preço da melancia (-1,25% para 1,70%). O movimento de aceleração nos preços dos alimentos "in natura" foi o principal fator que elevou a taxa de Alimentação (de 0,10% para 0,36%) no mesmo período – grupo que mais influenciou a formação da taxa do IPC-S da última semana de abril.

Além do comportamento nos preços das frutas, os preços das aves e ovos também registraram deflação menos intensa no período (de -4,63% para -3,74%). Isso porque o efeito benéfico da gripe aviária na inflação já está passando. A notícia de focos da doença pelo mundo provocou o fechamento de vários mercados no exterior à entrada de carne de frango, levando o escoamento das exportações do produto para o mercado interno no Brasil – o que provocou a derrubada dos preços do item no mercado doméstico. "A oferta de frango agora está se regularizando no mercado interno" disse.

Núcleo

O núcleo da inflação no varejo em abril subiu 0,32%, acima da taxa registrada no núcleo anterior, de março (0,25%). O núcleo foi calculado com base no IPC-S de até 30 de abril, que tem a mesma taxa do Índice de Preços ao Consumidor – Disponibilidade Interna (IPC-DI) de abril, excluindo as principais quedas e as mais expressivas altas de preço da inflação do varejo.

Braz informou que, até abril, o núcleo acumula em 12 meses aumento de 4,23%. Para o economista, a aceleração da taxa do núcleo de um mês para o outro não é preocupante. Isso porque o núcleo em abril sofreu a influência de vários impactos sazonais, mesmo com a exclusão das quedas e altas mais fortes na inflação do varejo. "Os impactos sazonais, dessa vez, foram muito espalhados", disse o economista. Para ele, essas influências que puxam o núcleo para cima não devem se repetir no próximo mês.

Além disso, Braz comentou que a taxa do núcleo em abril deste ano é a metade da registrada em igual mês no ano passado (0,65%) Para o economista, como o núcleo foi afetado por influências passageiras em abril deste ano, "há possibilidade do núcleo se reduzir no mês que vem."

Previsão

O próximo IPC-S, que será referente a quadrissemana encerrada em 7 de maio, deve continuar em aceleração, na avaliação do economista André Braz. O economista comentou que a perda de força na deflação das frutas, que elevou a taxa do indicador na última semana de abril, deve continuar na próxima semana. Além disso, há a previsão de impacto, na inflação do varejo, de reajustes em tarifas de energia elétrica residencial em Salvador e Recife, que puxarão para cima os preços do grupo Habitação, de maior peso na formação do IPC-S. "Há fôlego para o IPC-S continuar a subir um pouco. Mas essa alta é temporária", afirmou.

O economista comentou que a perda de fôlego na deflação das frutas é característico da época do ano. E além disso, o impacto da tarifa de energia pode elevar em um primeiro momento a taxa de inflação do indicador, mas não continuará para sempre, de acordo com o economista.

Gás

Braz afirmou que é muito cedo para mensurar o impacto, nos preços do gás no varejo, da notícia de nacionalização dos ativos da Petrobras na Bolívia, anunciada pelo presidente boliviano Evo Morales. "É muito cedo para tecer um comentário sobre isso. Ainda tem muita coisa a ser discutida. Eu acho que isso vai ser resolvido no meio diplomático, a médio prazo", disse Braz.

Há algumas semanas, a situação do gás boliviano tem sido debatida por analistas e executivos no setor, mas esse debate não influenciou de forma nenhuma o preço de produtos relacionados a gás no varejo, segundo o economista. De acordo com ele, o preço do gás canalizado, que é controlado, não registrou variação na passagem do IPC-S de até 22 de abril para o indicador de até 30 de abril. E no caso do GNV, os preços desaceleraram, no mesmo período (de 1,65% para 0,16%)."Isso pode afetar o preço do gás? Pode. Mas nada disso está acontecendo agora", argumentou, acrescentando que, se a situação for resolvida diplomaticamente, os preços no varejo não sofrerão impacto da situação boliviana.

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