Rio – O aumento no preço da soja (5,74%) levou à aceleração da primeira prévia do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) de janeiro, que subiu 0,40%, mais de seis vezes acima do registrado em igual prévia em dezembro (0,06%). Acima das expectativas do mercado financeiro, que esperavam algo entre 0,08% a 0,35%, a prévia de janeiro foi a maior taxa em nove meses. Porém, o resultado de alta foi minimizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que divulgou hoje (11) o indicador.
Segundo o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, o aumento no preço da soja teve mais força nessa prévia de janeiro – cujo período de coleta de preços foi de 21 a 30 de dezembro – do que em prévias anteriores. Isso porque o peso do produto, na formação da inflação do atacado, praticamente triplicou após alterações estatísticas, já anunciadas pela FGV em dezembro. "Não é que o preço da soja tenha subido tanto assim. Mas é que, agora, esse produto pesa muito (na inflação do atacado). Qualquer elevação, por menor que seja, vai impactar o indicador do atacado", disse o economista.
Com a soja mais cara, os preços dos produtos agrícolas subiram 1,60% na prévia de janeiro, ante queda de 0,22% em igual prévia em dezembro. Nesse cenário, os preços no atacado dispararam, com alta de 0,43%, ante deflação de 0,07% na primeira prévia de dezembro.
A taxa acima das estimativas surpreendeu os analistas, e puxou para cima as estimativas para o IGP-M de janeiro. A consultoria Tendências reviu de 0,3% para 0,6% o indicador fechado do mês, segundo a analista Marcela Prada. Ela comentou que a primeira prévia ficou acima das expectativas da Tendências que esperava taxa de 0,15%, em razão da alta dos preços agrícolas no atacado.
Sem fazer previsões sobre o fechamento do indicador, o economista da FGV comentou que a segunda prévia, prevista para ser anunciada na semana que vem, "tem boas chances" de ser maior do que a taxa apurada na primeira prévia. Ele lembrou que janeiro é um período que conta com reajustes em preços importantes na inflação do varejo, como os de mensalidades escolares, por exemplo. Isso pode contribuir para elevar a inflação medida pelo IGP-M, na avaliação do economista.
No varejo, os preços registraram uma "discreta aceleração", de acordo com Quadros, e subiram 0,41% na prévia de janeiro ante aumento de 0,34% na prévia de dezembro. A taxa mais alta deve-se basicamente às acelerações de preços em educação, leitura e recreação (de 0,26% para 0,82%); e saúde e cuidados pessoais (de 0,08% para 0,44%).
Já os preços na construção civil subiram 0,13% na prévia de janeiro, ante aumento de 0,21% em igual prévia em dezembro.