Preço da gasolina só vai subir no final do ano, dizem especialistas

Os preços da gasolina vão subir em 2005, mas o reajuste só deve ser promovido no final do ano. A opinião é consenso entre especialistas e analistas do mercado financeiro ouvidos, nesta terça-feira, pela Agência Estado. Segundo eles, a Petrobras vai aguardar o final do verão no Hemisfério Norte, quando as cotações internacionais do petróleo tendem a se estabilizar, para decidir o porcentual do aumento. Ao optar por reajustes no quarto trimestre, a estatal também consegue segurar o impacto na inflação de 2004.

"A estratégia é correta do ponto de vista macroeconômico porque não contamina a inflação deste ano", avalia Jason Vieira economista da Global Invest, que prevê um aumento de 5% no preço da gasolina em dezembro. No ano passado, quando promoveu o último aumento de preços da gasolina e do diesel, a Petrobras adotou mesma estratégia, lembram os entrevistados, ao realizar as mudanças no final de novembro.

Antes, a empresa fora criticada em ata do Comitê de Política Monetária (Copom), devido à imprevisibilidade de sua política de preços.

"O ideal seria que os reajustes não levassem tanto tempo para acontecer", rebate o analista do setor de petróleo da corretora Ágora Sênior, Luiz Otávio Broad, repetindo opinião corrente no mercado financeiro. Ele também acredita em reajuste no quarto trimestre, só que de 6% para gasolina e diesel. Isso, caso o petróleo recue nos próximos meses. "Se mantiver o patamar atual, o reajuste terá que ser maior", completa.

Entre acadêmicos e analistas mais voltados a questões macroeconômicas, porém, a estratégia da estatal ganha elogios. Afinal, lembra o o economista da PUC-RJ Luiz Otávio Leal, cada 10% de aumento no preço da gasolina representam 0,3 ponto porcentual no IPCA. E, com inflação maior, o aperto monetário permanece, com conhecidos impactos sobre o desenvolvimento econômico do País.

O fato é que a estatal não vem perdendo tanto com a manutenção dos preços, lembra Leal. A empresa teve um lucro líquido de R$ 5 bilhões no primeiro trimestre e deve superar os R$ 6 bilhões no segundo trimestre, estima a Ágora Sênior. Desempenho que reflete os impactos, em sua receita, da alta nas cotações internacionais do petróleo.

Afinal, a Petrobras se baseia no mercado externo para precificar o óleo que produz. Este ano, a produção vem subindo todos os meses com o início de operações de novas plataformas.

A empresa reclama que o mercado usa apenas as cotações americanas como base de comparação com os preços brasileiros, quando deveria olhar também para dados da África e da América do Sul, regiões de onde importa grandes volumes de petróleo e derivados. Ainda que a empresa se recuse a admitir, questões políticas também têm impacto na tomada de decisões, dizem os entrevistados.

"Essa coordenação com a área econômica do governo na prática, não deveria existir. Mas está claro que existe", afirma Leal.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo