O governo atual mais do que dobrou as tarifas de energia elétrica para o setor industrial, com aumento de 108,86%, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Em dezembro de 2002, as indústrias pagavam cerca de R$ 95,77 por MW/h na compra de energia elétrica e em junho último essas tarifas subiram para R$ 200,03 por MW/h. Nesse preço não estão inclusos os diversos tributos que incidem sobre a energia elétrica, especialmente o ICMS (estadual) e federais (PIS/Cofins), além dos encargos setoriais (CCC, CDE e Proinfa, entre outros). Estima-se que esses impostos encarecem a energia elétrica para o consumidor em pelo menos mais 35% em relação aos preços calculados pela Aneel.
O reajuste mais forte para a indústria faz parte da estratégia do governo de reduzir o chamado "subsídio cruzado", onde o consumidor residencial pagava mais caro, enquanto a indústria tinha tarifas mais reduzidas. O argumento do governo anterior era que "é mais barato" entregar energia para a indústria, já que o setor é grande consumidor e opera em alta-tensão, exigindo menos instalações. Outro argumento era que tarifas baixas constituem estímulos para atração de investimentos.
Brasília argumenta, porém, que o consumidor residencial já não suporta novos aumentos e, para garantir maiores receitas para as distribuidoras, teve de aumentar os reajustes para outros segmentos. Nos três anos e meio do governo Lula, as tarifas residenciais subiram menos da metade do que os reajustes para a indústria, embora continuem sendo as mais caras dentre os oito segmentos calculados pela Aneel. Em dezembro de 2002, as tarifas médias para as residências estavam em torno de R$ 209,74 por MW/h e subiram para R$ 295,51 no final de junho.
O aumento mais acentuado nesse período foi para a modalidade de "consumo próprio", onde os reajustes somaram 181,19% no atual governo. Em dezembro de 2002, essas tarifas estavam em torno de R$ 102,86 e subiram para R$ 290,13 em junho último, conforme os dados da Aneel. Com essa estratégia, o governo praticamente afastou as empresas eletrointensivas de fazer novos investimentos no setor.
O aumento médio para todos os setores no atual governo ficou em 73,71%, com a tarifa passando de R$ 143,05 em dezembro de 2002 para R$ 248,49 em junho. A inflação no período medida pelo IPCA, calculado pelo IBGE, ficou em 26,21%. Para o setor comercial, o reajuste foi de 45,55%, com a tarifa subindo para R$ 270,15 por MW/h; para o setor rural, o aumento foi de 54,50% (R$ 174,29 por MW/h); para o poder público, ficou em 55,83% (R$ 287,57); chegou a 46,32% na iluminação pública (R$ 164,84) e a 68,01% para o setor público (R$ 179,32).