A escalada do dólar, que já subiu 63,21% este ano, continua causando estragos no bolso do consumidor. Hoje, pelo segundo dia consecutivo, o preço da cesta básica do paulistano atingiu o maior valor desde o início do Plano Real, em julho de 1994. Segundo pesquisa diária do Convênio Procon-Dieese em 70 supermercados de São Paulo, o preço médio da cesta básica passou R$ 171,16 na segunda-feira para R$ 172,81 hoje – um salto de 0,96% em um único dia. No mês, a alta chega a 2,15%.

Na avaliação da diretora de Estudos e Pesquisas do Procon, Vera Marta Junqueira, a pressão do câmbio já é considerada a maior vilã da alta do custo de vida: “A desvalorização do real frente ao dólar tem impacto direto, indireto e psicológico nos preços dos principais produtos da cesta básica”. Para ela, no entanto, a cotação do dólar a R$3 78 registrada hoje é irreal e foi inflada pela especulação dos mercados.

O óleo de soja, cujos preços acompanham cotação em dólar  por exemplo, subiram em média 8,57% desde o início do mês. No mesmo período, o papel higiênico fino branco e a farinha de trigo, dois produtos que também sofrem efeito direto do câmbio, tiveram aumento médio de 20,95% e 6,96%, respectivamente.

Da mesma forma, o preço de outros produtos está sendo reajustado por causa do repasse de aumentos de custos de embalagens e matérias-primas desencadeados pela variação do câmbio. Nos últimos 24 dias, o creme dental teve aumento médio de 4,30%, enquanto o macarrão com ovos ficou 4,32% mais caro e a margarina teve alta de 3,17%. No acumulado do mês, a maior alta, de 7,13%, ocorreu entre os produtos de limpeza doméstica, seguidos pelos alimentícios, com alta de 1,76%. Já os preços dos artigos de higiene pessoal registraram variação negativa de 0 69%. No ano, o preço da cesta básica aumentou 9,24%.

Tarifas

Por conta da variação do câmbio, o consumidor deve se preparar também para pagar mais por serviços públicos, como energia elétrica, telefonia e combustíveis, cujas tarifas e preços são influenciadas pela variação do câmbio. Para o coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fipe, Heron do Carmo, a nova alta do dólar só deve ter impacto significativo nos preços se o câmbio passar do patamar de R$ 3 a R$ 3,20 para R$ 3,50 e permanecer por mais de um mês neste novo nível.

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