Preço agrícola tem a maior alta desde novembro de 2002

Os preços dos produtos agropecuários no atacado subiram 5,9% em outubro e devem começar a ter impacto no bolso do consumidor nos itens da cesta básica já no mês que vem. Desde julho, o índice subiu 15%. A alta de outubro é a maior já verificada em um mês desde novembro de 2002, quando o indicador calculado pela RC Consultores subiu 8,5%.

Naquela ocasião, lembra o responsável pelo indicador e diretor da consultoria, Fábio Silveira, a disparada dos preços agropecuários foi provocada pela desvalorização do real em relação ao dólar, refletindo o cenário pré-eleitoral. Desta vez, no entanto, o quadro é mais preocupante porque resulta da escassez na oferta dos produtos tanto no mercado interno como no externo.

"Metade do resultado reflete a crise do setor agrícola, que reduziu a oferta dos produtos", diz o economista. O índice, calculado a partir das cotações do atacado e das ponderações usadas pelo Índice de Preços por Atacado (IPA) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), é uma espécie de indicador antecedente da inflação dos alimentos ao consumidor. O índice mede a variação de 15 produtos, entre os quais carnes, grãos, café, laranja, tomate e ovos.

Silveira destaca que o indicador reafirma a perspectiva de um cenário de oferta de produtos agropecuários mais apertado para o ano que vem por causa da diminuição de áreas de plantio e redução de plantéis.

Entre os grãos, a maior alta de preços registrada neste mês foi no milho (14,8%), trigo (14,4%) e arroz (11,2%). Desde julho, o preço do trigo já subiu 32%; o do milho, 24%; o do feijão, 10%; e o do café, 15%.

"O trigo disparou porque o estoque mundial é o mais baixo dos últimos 25 anos", diz Silveira. Além disso, ele destaca que por dois anos consecutivos a produção brasileira do grão caiu. Neste ano, a safra foi de 3,6 milhões de toneladas, 1,1 milhão de toneladas a menos que na safra passada. "A alta do trigo hoje sinaliza o aumento do pãozinho amanhã", adverte o economista.

No caso do milho, problemas climáticos afetaram a produção mundial e a escassez na oferta impulsionou os preços. Já o arroz observa Silveira, não sofre influência do mercado internacional. A subida dos preços foi provocada pelos estoques domésticos baixos. Na última safra, houve uma redução de produção de quase 2 milhões de toneladas. "Também não há perspectivas de aumento de produção na próxima safra", prevê.

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