Prato cheio

O novo prato cheio deglutido pelo apetite com que se lançam alguns sobre o dinheiro público no Brasil, é conhecido pela pomposa denominação de Fundação de Empreendimentos Científicos (Finatec), órgão criado por um grupo de professores da Universidade de Brasília (UnB), com a nobre função de captar recursos a fundo perdido para o financiamento de importantes projetos de pesquisa.

Como o uso do cachimbo faz a boca torta, com o passar do tempo e dos governos, a Finatec acabou oferecendo aos espertalhões de sempre a oportunidades de ganhar dinheiro sem fazer força, usada que foi como um atalho para a celebração de contratos de prestação de serviços com prefeituras municipais, sem a exigência estabelecida pela legislação, da abertura de licitação pública.

A Finatec foi apresentada ao País quando pipocou uma das facetas do escândalo dos cartões corporativos, pois foi com a utilização de uma das tarjetas de plástico da instituição que o reitor da UnB, Timothy Mulhol-land, mandou mobiliar com o requinte digno da corte de Luiz XV, o apartamento funcional que lhe servia de residência.

Dias depois, repórteres investigativos já haviam descoberto a existência de vários contratos da Finatec com prefeituras municipais, apenas por coincidência todas dirigidas por políticos petistas. A outra coincidência é que os contratos de prestação de serviços, sem licitação, foram assinados entre 2001 e 2005. Os contratos tiveram a interveniência do consultor Luís Antonio Lima, sócio diretor da Intercorp Consultoria Empresarial, com a colaboração da empresa similar Camarero & Camarero, mais uma coincidência, de propriedade de sua mulher, Flávia Maria Camarero. Ambas as empresas foram remuneradas com R$ 23 milhões dos R$ 50 milhões repassados à Finatec.

Ocorre que Lima é antigo militante petista gaúcho, tendo participação ativa na administração do governador Olívio Dutra e, mais tarde, na equipe que preparou a transição do governo FHC para a era Lula. É apenas um pormenor, posto que intrigante, mesmo porque um dos principais clientes levados pelo consultor à Finatec foi a Prefeitura de São Paulo, na gestão Marta Fabre. Haja enxofre.

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