Pragmática da reeleição

Nada que já não tenha sido escrito e reescrito inúmeras vezes pelos analistas políticos, nos últimos meses. O cultivado desejo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cada vez mais próximo de tornar-se real, é definir o nome do político do PMDB que vai figurar na chapa da coligação petista como candidato a vice-presidente. A julgar pela última conversa de Lula com o ex-governador Orestes Quércia, um dos principais líderes do PMDB, resta apenas o pormenor da indicação.

Não é de hoje que o presidente tem tornado pública a convicção de atrair o PMDB para a coligação, tendo em vista os inevitáveis conflitos de identidade com o Partido Liberal (PL), que na aliança selada em 2002 entrou na composição da chapa com o ex-senador José Alencar, atual vice-presidente da República. Alencar foi um crítico contumaz da política econômica conduzida pelo antigo ministro Antônio Palocci e Henrique Meirelles, presidente do Banco Central.

O arrefecimento das críticas de Alencar deu-se após a exoneração de Palocci, nem tanto pela satisfação íntima de constatar alterações conceituais de peso no curso da política econômica – afinal, foram escassas – mas quem sabe pelo visível desconforto causado na casta dirigente do País pela saída desonrosa daquele que se imaginava o quadro menos provável de ser escoimado do governo.

É sabido que Lula há muito colocou na geladeira a hipótese de contar mais uma vez com Alencar na chapa presidencial, não apenas pelo constrangimento de compartilhar o poder com um antagonista da célula mater de sua política para a economia, mas pelo aprofundamento da crise moral da base partidária anterior, de modo especial o PL. Lula passou a trabalhar abertamente pela atração do PMDB, mesmo que a opção signifique o cancelamento de candidaturas petistas aos governos em vários estados, sacrifício cobrado de alguns diretórios regionais com planos avançados nesse sentido, entre eles o do Paraná, em troca da concepção pragmática da reeleição.

Como o PMDB parece ter dispensado a candidatura própria à Presidência – o quixotesco senador Pedro Simon ainda resiste ao impulso reverso -, tudo indica que está em marcha adiantada a operação para definir o parceiro de Lula.

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