O governador Roberto Requião determinou nesta segunda-feira (24), durante a reunião da operação ?Mãos Limpas?, que a Secretaria da Segurança Pública e o Instituto de Ação Social do Paraná (IASP) realizem operações especiais para monitorar e investigar o envolvimento de jovens com quadrilhas de tráficos de drogas.
A medida se deve ao aumento do número de menores que estão sendo assassinados após deixarem as unidades do IASP por se negarem a trabalhar novamente no tráfico de drogas ou como informante de grandes quadrilhas. ?Eu determinei que essas operações especiais sejam feitas com contratação de policiais e com inteligência para irmos a fundo nesse problema que vem ocasionando um grande número de mortes de adolescentes no Paraná?, explicou o governador.
?Nós queremos montar uma operação piloto em uma cidade do Paraná e passar posteriormente para as outras. O objetivo é detectar e eliminar estas quadrilhas de distribuição de drogas que utilizam jovens e crianças?, afirmou Requião. Segundo ele, a participação de crianças em atividades de tráfico está associada ao modelo econômico brasileiro. ?A miséria leva a isso. Mas nós não podemos fugir da responsabilidade de organizar operações que detectem as raízes do tráfico e o envolvimento das nossas crianças nesse processo?, enfatizou o governador.
Durante a reunião, a presidente do IASP, Thelma Alves de Oliveira, mostrou ao governador dados estatísticos de menores recém saídos do Instituto e que estão sendo monitorados, o que torna possível identificar os assassinatos. O maior número de mortes está ocorrendo nas cidades de Curitiba, Londrina e Foz do Iguaçu.
Proteção – De acordo com a presidente do IASP, as operações especiais serão associadas a programas de proteção realizados em parceria com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). ?A idéia é constituir uma rede de acolhimento solidária para proteção dos adolescentes, com uma abordagem diferenciada Estamos em contato com outros Estados que têm experiência nesse sentido para elaboração de um projeto, que deverá estar concluído até o final de 2005?, disse Thelma.
Segundo ela, o índice de reincidência ao crime entre menores no Paraná é de 30%. ?Esse é um resultado muito trágico mas que não quer dizer que nenhum dos meninos tem oportunidade quando deixam as Unidades do IASP?, disse mencionando como exemplo o programa ?Jovem Aprendiz?, onde os menores desenvolvem atividades em órgãos públicos.
?Os resultados têm mostrado que é possível oferecer ao adolescente um outro nível de padrão social. Mas, o apoio da família e da comunidade é fundamental para a reintegração do menor a sociedade. Tendo esse apoio, ele não voltará a cometer infrações ou crimes?, finalizou Thelma.