O governo do Paraná protocolou hoje, no Ministério da Agricultura, pedido para que o Estado seja reconhecido como área livre de transgênicos na safra 2004/05. A solicitação foi feita pelos assessores do governador Roberto Requião (PMDB), que acompanha o grupo em Brasília. No ano passado, o Estado fez o mesmo pedido.
O grupo entregou cópias do documento com argumentos técnicos no Palácio do Planalto, para ser encaminhado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. Uma cópia também foi entregue para a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
O governador Requião alega que a Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento do Paraná vem desenvolvendo uma série de ações para coibir o plantio e o comércio ilegal de transgênicos desde 1998. O governo do Paraná informa que só na safra 2003/04 foram feitas 10.024 ações fiscalizações, da coleta de amostras no comércio de grãos e sementes até a inspeção nas lavouras em desenvolvimento.
Das 8.505 lavouras de soja inspecionadas no período, apenas 32 apresentaram resultado positivo para a transgenia, o que totaliza, de acordo com o governo do Paraná, 504,71 hectares. Essa área representa apenas 0,27% do total de 183,747 mil hectares fiscalizados.
De acordo com o governo do Paraná, as lavouras que tiveram resultado positivo para transgenia estavam localizadas em 16 dos 399 municípios do Estado. No caso de grãos e sementes amostrados, de um total 1.519 amostras, somente 9 apresentaram resultado positivo para transgênicos, o que representa 0,59% do total.
Identificar
Para a safra 2004/05, o governo do Paraná solicita ao Ministério da Agricultura a divulgação dos nomes dos 574 agricultores que firmaram o Termo de Compromisso, Responsabilidade e Ajustamento de Conduta. A divulgação, argumenta o governo paranaense, “dará ao Estado a condição de exercer uma ação fiscalizatória ainda mais eficiente, permitindo manter o completo controle da rastreabilidade da soja produzida no Paraná, até a sua comercialização, processamento e saída do Estado”.
A favor
O governador Roberto Requião disse hoje ser a favor das pesquisas na área de biotecnologia e também à liberação dos transgênicos, caso os cientistas avaliem que não há risco para o meio ambiente e os consumidores. “Eu sou contra a subordinação do País a essa ‘porcaria’, sem que haja uma análise científica”. Ele citou trecho de texto de Santo Inácio Loyola para explicar sua posição. “Faça tudo como se tudo dependesse de você. Espere tudo como se tudo dependesse de Deus” foi o trecho citado pelo governador.
Requião acrescentou que tem brigado pelo reconhecimento do Paraná como área livre de transgênicos para que depois “ninguém diga que minha parte não foi feita.” Ao lembrar que cópia do relatório no qual o Paraná pede o reconhecimento como área livre de transgênicos foi encaminhado também ao Ministério do Meio Ambiente, Requião disse que a luta de Marina Silva é maior do que a dele. “Não sou santo, mas estou fazendo o possível para que o Brasil não aceite um mau negócio para o País e um péssimo negócio para o Paraná”, afirmou ele ao defender o reconhecimento do Estado como área livre.
Ao criticar a decisão do governo de autorizar o plantio de transgênicos na safra atual, o governador disse que o governo legalizou o contrabando do Rio Grande do Sul, onde 75% do plantio, de acordo com ele, é de soja geneticamente modificada. Segundo o governador, agora o governo tem de tomar uma posição para que o Paraná, que não contrabandeou sementes, seja reconhecido como área livre. “É incrível o que o governo fez. Se os produtores começarem a produzir coca, ópio, papoula, depois se pode legalizar a produção.”
