A aprovação do programa do governo de Parcerias Público-Privadas pode alavancar os investimentos diretos de empresas estrangeiras no Brasil em 2005, na avaliação de Fernando Ribeiro, economista-chefe da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet).
A Medida Provisória do programa de PPP foi aprovada com emendas, no Senado, e voltará para votação na Câmara. Segundo Ribeiro, a entrada em vigor do PPP "pode dar um fôlego bom, pois tem investidor querendo pôr dinheiro no Brasil e falta só esse marco regulátorio".
A Sobbeet, entidade sem fins lucrativos, acaba de reavaliar sua expectativa de investimentos diretos estrangeiros (IDE) no país em 2005, de US$ 15 bilhões para US$ 18 bilhões. A entidade também elevou sua previsão para este ano de US$ 15 bilhões para US$ 17 bilhões, pois constatou um aumento de investimentos em novembro e dezembro. Os investimentos em 2003, segundo a Sobbeet, foram de US$ 10,1 bilhões.
Segundo Fernando Ribeiro, os US$ 18 bilhões que são estimados para o ano que vem deverão dar conta de apenas 5% do investimento médio em produção esperado. O restante será de capital nacional, privado ou governamental. A maior parte do IDE, entre 70% e 80%, deve entrar por meio de fusão de empresas internacionais com brasileiras ou aquisição pura e simples.
Siderurgia, indústria automotiva, papel e celulose e eletroeletrônicos estariam entre os setores com maiores oportunidades, por estarem atuando muito próximos dos limites de sua capacidade.
"No agregado da economia, no terceiro trimestre, chegamos aos níveis mais altos em dez anos. Ficamos com o sinal amarelo aceso. Do ponto de vista global, o uso da capacidade produtiva está alto, mais alto ainda em setores como os de automóveis, siderurgia e celulose. Uma taxa de ocupação próxima de 90% já diz que você está usando toda a sua capacidade ociosa. Raramente se chega a 100%, porque antes disso as empresas mapliam sua capaaicdade. Isso é ótimo, porque vai dinamizar as importações de bens de capital", analisa.
Quanto ao fato de que os investimentos previstos das PPP são para infra-estrutura e não para a produção, Fernando Ribeiro explica que "eles ajudam também na produção, pois aumentam a fluidez e a integração da economia. Se você tem portos mais fluidos, exportação mais barata e eficaz, isso tende a dinamizar a economia e estimular investimentos produtivos".
Para 2005, a Sobbeet espera números melhores também do crescimento econômico. "O mercado espera para o ano que vem 3,5% de crescimento do PIB, mas nossa mensagem é : o Brasil nao está condenado a crescer só 3,5%. Pode crescer mais e este ano será crucial para consolidar uma rota mais forte de crescimento. E este crescimento é viavel, se algumas boas políticas macroeconômicas forem adotadas, como desvalorização do câmbio, taxas de juros menores, efetivação de uma política industrial.
O mercado calcula o crescimento nesses 3,5% porque acredita que os juros terminem o ano de 2005 em 15%, a gente acha que ficarão em 14%. O mercado acha também que o câmbio terminara o ano em R$ 3,00 e a gente em R$ 3,15", explica.