Discursando ao entregar bolsas de estudos em faculdades privadas para estudantes carentes, oriundos de escolas públicas, o presidente Lula fez uma afirmação interessante. Disse que não se deve considerar o dinheiro gasto em educação como despesa, mas sempre como investimento. Não deve escapar da mente dos nossos dirigentes, entretanto, que se é investimento e não simples gasto, deve haver preocupação com a relação custo-benefício. Se investimos na educação dos nossos jovens, temos de avaliar o retorno dessas aplicações. E os últimos levantamentos têm provado que muitos dos investimentos em educação têm sido desperdiçados, tal a má qualidade do ensino e o número exíguo de jovens que consegue completar seus cursos. Ou completá-los efetivamente, sabendo o que lhes foi ensinado. Um exemplo de reprovações é o exame da Ordem dos Advogados do Brasil, que admite o exercício das profissões jurídicas a cerca de 8% dos formados. Os demais são descartados e terão de fazer repetidos exames, até mostrarem que se capacitaram. As faculdades pouco ou nada ensinaram. E os alunos pouquíssimo aprenderam. Houve, portanto, desperdício não de gastos, mas de investimentos.
O deputado federal paranaense petista Paulo Bernardo, respeitado por seus conhecimentos de economia e finanças e homem de confiança do Planalto, declarou na semana passada: "Lula está cobrando mais eficiência nos gastos do Orçamento, para evitar os gargalos no fim do ano". O presidente decidiu dar prioridade máxima à execução orçamentária. Ele acaba de descobrir que sua administração gasta abaixo da média do governo anterior e encerra cada exercício com dinheiro consignado no Orçamento para o qual não se deu destinação. Seria por incompetência ou pão-durismo mesmo? Por falta de dinheiro é que parece não ser, pois a arrecadação vem batendo recordes.
O governador Roberto Requião, ao ver a ponte sobre a represa Capivari-Cachoeira da rodovia Régis Bittencourt, trecho Curitiba-São Paulo, ruir em uma de suas cabeceiras, com pelo menos uma morte e três feridos e prejuízos e dificuldades para o tráfego ainda sequer dimensionadas, desabafou. Disse que o governo federal, em sua mania de economizar, não vem cuidando das obras públicas. E aquela ponte, por falta de manutenção, acabou ruindo. Agora, terá de ser reconstruída em tempo recorde.
Lula decidiu centrar o seu governo em quinze programas selecionados e designou o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, para acompanhar os investimentos. O governo atual vai tentar gastar, ou melhor, investir, pelo menos o tanto que investia, a cada ano, o governo que o antecedeu. Está descobrindo que o entesouramento está sendo entendido como ineficiência.
