Postos ameaçam locaute em Foz do Iguaçu

A alta no preço do combustível, sobretudo a gasolina, no Brasil, tem feito a alegria de proprietários de postos em Puerto Iguazu, na Argentina, divisa com Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná. E desanimado os revendedores paranaenses, que vêem os fregueses diminuírem diariamente e ameaçam até um locaute, com o fechamento de postos. Apenas uma ponte sobre o Rio Paraná divide as duas cidades.

As contas do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis Minerais (Sindicombustíveis) são de que mensalmente deixam de ser vendidos mais de 2,8 milhões de litros nos 57 postos da região de fronteira.

De acordo com o diretor do Sindicombustíveis para a região oeste Walter Venson, o motorista brasileiro paga em média R$ 1,22 a menos por litro de gasolina em relação ao preço médio das bombas de Foz, que é de R$ 2,58.

As autoridades brasileiras têm controle apenas sobre o número de estrangeiros que ingressam no Brasil. No entanto, agentes da Polícia Federal confirmaram que, havendo reajuste no preço do combustível nacional, o reflexo é imediato no tráfego sobre a Ponte Tancredo Neves.

Para evitar maiores prejuízos para os comerciantes brasileiros, o Sindicombustíveis não descarta a possibilidade de realizar um locaute, com fechamento dos postos. "Pode ser que daí chamaremos a atenção", disse Venson. "Mas daqui para frente os passos precisam ser mais comedidos para não dar tiro no pé."

Segundo ele, um dos problemas está no custo de produção que, até a bomba brasileira, estaria em R$ 0,98, enquanto na Argentina seria o equivalente em pesos a R$ 0,51. Sobre o valor brasileiro ainda pesa uma tributação, segundo ele, de 148%. A proposta para amenizar a situação é a utilização dos recursos da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide).

A estimativa que Venson faz é de que mensalmente deixem de entrar na economia brasileira cerca de R$ 7,8 milhões, que são gastos pelos motoristas na Argentina. Segundo ele, o Sindicombustíveis fez fotos e filmagens de brasileiros que encheram os tanques do carro em Puerto Iguazu e, com o dinheiro economizado, fizeram compras no mercado do país vizinho. "Isso gera um grande desequilíbrio", reclamou. "Muitos proprietários já abriram o bico e dispensaram funcionários, mas ninguém quer comprar o posto."

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