A venda da TIM reduziria a competição no mercado brasileiro, caso ela fosse comprada pela Telefónica, que está no controle da Vivo, ou pela América Móvil, dona da Claro. "Com três ou quatro operadoras bem posicionadas e em boa condição financeira e grande dispersão de participações de mercado, o Brasil é um dos mercado mais competitivos do mundo", afirmaram os analistas Mauricio Fernandes e Glaucia Renda, da Merrill Lynch, em relatório. "Uma métrica que gostamos de usar é a soma de participação das duas maiores empresas. No Brasil, o número está em 56%, enquanto no México, um dos mercados com menos competição no mundo, está em 91%. A diferença é evidente.

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A Telecom Italia, dona da TIM, anunciou na segunda-feira, em Milão, que vai transformar as operações de telefonia celular em uma empresa separada, que poderia ser vendida por cerca de ? 35 bilhões. A venda, que ainda não está decidida, incluiria a TIM Brasil, segunda maior operadora do País, com 25% do mercado em junho. Os maiores candidatos à compra seriam a espanhola Telefónica, sócia da Portugal Telecom na Vivo, e a mexicana América Móvil, dona da Claro. São os dois maiores grupos de telecomunicações na América Latina hoje. A Vivo é a maior operadora celular do Brasil, com 31%, e a Claro a terceira, com 23%.

A aquisição, no entanto, não seria simples. O futuro da Vivo também está em jogo. Hoje, a empresa é controlada pela Telefónica e pela Portugal Telecom. A Telefónica já declarou que compraria a participação de 50% que a Portugal Telecom possui na Vivo. A Portugal Telecom, por sua vez, pode passar por mudança de controle em seu país de origem. O Grupo Sonae quer comprar a empresa e também já disse que compraria a fatia de 50% que a Telefónica tem na Vivo.

Há ainda restrições legais. A Vivo e a TIM possuem superposição de licenças, o que não é permitido. Para ficar com as duas, a Telefónica deveria devolver uma das licenças e migrar os clientes. As faixas de freqüência e as tecnologias em que operam as duas companhias, porém, são diferentes, e isso implicaria em troca de aparelhos de um grande número de clientes.

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Também não seria fácil para aprovar a operação no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), tanto para a Telefónica quanto para a América Móvil. Juntas, a Vivo e a TIM teriam 55% do mercado. Se o negócio fosse fechado com a Claro, a empresa ficaria com 47%. A Claro também teria que devolver licenças, mas o problema seria menor.