A posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi capa besta terça-feira (2) de dois jornais argentinos: "La Nación" e "Infobae". Outros jornais do país também publicaram reportagens sobre o assunto. A foto preferida pela imprensa local foi a de Lula e sua esposa acenando para o público sobre um Rolls-Royce. "Lula, com acento no social", estampou o "La Nación", que destacou a "cerimônia deliberadamente austera" e publicou uma página inteira sobre o assunto. O jornal opinou que a posse "não contou com o fervor popular de quatro anos atrás" e que se "esperava a apresentação de novidades sobre como fará para cumprir seu objetivo de acelerar o crescimento da economia com inclusão social durante os próximos quatro anos".
O "La Nación" analisou que "o conteúdo de seus discursos (de Lula) ao assumir seu segundo mandato ontem parece indicar que continuará a ortodoxia econômica herdada do social democrata Fernando Henrique Cardoso, cujo partido, em um curioso detalhe cerimonial, foi o responsável de entregar-lhe, através de um deputado, a faixa presidencial para esta nova etapa". O jornal insistiu em apontar a falta de detalhes nos discursos presidenciais sobre medidas para as áreas econômica e social e sobre a agenda do Mercosul. "O Programa de Aceleração do Crescimento citado por Lula para aprofundar as conquistas e avançar rumo à maior promoção social dos pobres sem cair em práticas populistas, como ele anunciou ontem, parece apenas o título de um trailer cinematográfico", opina.
O "Clarín" também publicou uma página sobre a posse: "Lula pediu coragem e prometeu que seu segundo mandato será popular", dizia o título. O jornal detalhou que no Brasil hoje "há 35% da população que considera que Lula tem sido o melhor presidente da história". "Soa excessivo. Especialmente à luz do profundo giro ortodoxo que este ex-operário impôs à economia quando chegou ao poder em seu primeiro mandato. Os custos desse programa se lêem tanto no abismo de distribuição quanto em um crescimento magro que escandaliza inclusive a poderosa estrutura industrial, apenas 2,3% em 2005 e 2,7% no ano que acaba de terminar, uma das performances mais baixas da região", critica o jornal.
O "Ámbito Financiero" também dá enfoque, em sua cobertura, para a necessidade de crescimento da economia do Brasil, como "o grande desafio". Segundo o jornal, "os analistas consideram que apesar do otimismo de Lula, o desempenho do PIB continuará tão medíocre como no primeiro mandato porque o país não reúne as condições para alcançar um crescimento sustentável como os demais emergentes, cujas economias se expandem a um ritmo de 6% anual em média".