A Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) firmou contratos com os Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Bahia para exportar couro, madeira e algodão por Paranaguá. Os contratos vão agregar cerca de 3 milhões de toneladas de carga geral ao volume normalmente movimentado pelo porto paranaense, o que vai gerar mais divisas ao Paraná e, principalmente, mais empregos em Paranaguá.

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A informação foi transmitida nesta terça-feira pelo superintendente da Appa, Eduardo Requião, durante a reunião semanal do governador Roberto Requião e seu secretariado. Segundo Eduardo Requião, o aumento da operação prevista com a vinda de mais produtos de outros Estados também vai compensar uma possível redução do escoamento da soja – prevista para o próximo ano, em função de uma queda de preços – e fortalecer o Porto de Paranaguá no cenário internacional.

A grande vantagem da diversificação das cargas, no entanto, explicou Eduardo Requião, é o aumento no número de empregos no litoral. "O carregamento de um navio com carga geral representa emprego direto para 350 trabalhadores, enquanto o carregamento de um navio de soja emprega apenas 30 trabalhadores", comparou.

Os Estados optaram por Paranaguá para escoar seus produtos em função da preferência dos armadores internacionais, explicou ainda Eduardo Requião. "Nos portos de outros Estados brasileiros não há condições de operar porque eles não têm competência e carga de retorno".

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Eduardo Requião também anunciou um contrato com a Volkswagen para exportar veículos Fox ao mercado europeu. Serão 106 mil veículos a serem embarcados em 2005 e mais 140 mil em 2006. O contrato pertencia ao Porto de Santos (SP), mas as dificuldades de logística do porto paulista o inviabilizaram. A exportação dos veículos vai gerar uma receita cambial de US$ 1 milhão em Paranaguá.

Público

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De acordo com o superintendente da Appa, esses contratos estão sendo permitidos graças à resistência do governo do Estado em manter o porto público, enquanto os demais portos brasileiros optaram pela privatização. O governador Roberto Requião disse que sua intenção é seguir a política portuária de países desenvolvidos como Japão e Estados Unidos, onde os portos são públicos.

Segundo o diretor empresarial do porto, Luiz Henrique Dividino, a operação de escoamento de cereais no porto público custa em torno de US$ 1,12 por tonelada. Os operadores da iniciativa privada cobram US$ 4,50 por tonelada e, mesmo assim, utilizam a estrutura do porto público. A única diferença é que eles contratam a carga na origem. Quando o silo público está com sua capacidade esgotada e os operadores são obrigados a descarregar em terminais privados, o custo da operação sobe para US$ 8,50 por tonelada.

Recordes

Porto de Paranaguá vem obtendo sucessivos recordes de movimentação. Segundo Dividino, este ano já foram movimentadas 30 milhões de toneladas de produtos, que geraram uma receita cambial de US$ 7,3 bilhões. A previsão é fechar 2004 com uma receita cambial de US$ 8,4 bilhões. Só a carga geral representou uma expansão de 32% na movimentação em relação ao ano passado.

Para 2005, a expectativa é elevar o escoamento de soja em mais 5 milhões de toneladas e a carga geral em mais 2 milhões de toneladas. Essa expansão foi atribuída por Dividino à rapidez, baixo custo e segurança no porto. Para reforçar essas vantagens, o porto está executando vários projetos estratégicos que integram logística com multimodalidade.

Dentro desse plano, estão sendo enviados para a Casa Civil dois projetos: a construção de um novo silo horizontal público e a pavimentação da faixa interna do porto com recuperação de 168 mil metros quadrados de área, que incluem drenagem, colocação de hidrantes, instalações elétricas e troca de piso.

Condomínio

O arquiteto Orlando Busarello apresentou o projeto do Condomínio Parque Aduaneiro que, entre várias atribuições, vai abrigar um distrito industrial alfandegado. As indústrias que se instalarem nesse local terão isenções tributárias para exportação de seus produtos. O condomínio vai ocupar uma área de 400 mil metros quadrados.

O governador Roberto Requião disse que devem ser aceitas indústrias que não poluam o meio ambiente e que priorizem o uso de mão-de-obra em detrimento da automatização. "Paranaguá precisa de indústria e de nada adiantariam plantas modernas, automatizadas, mas que não beneficiam a geração de emprego e renda na cidade", destacou.