O Porto de Paranaguá está completando três anos e meio sem qualquer reclamação de importadores internacionais sobre a baixa qualidade dos produtos e a diferença do peso das cargas. Segundo o superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Eduardo Requião, só em 2002 o porto recebeu mais de duas mil reclamações. ?A reviravolta se tornou possível com medidas técnico-operacionais rígidas e transparentes e mostra que é possível melhorar a imagem de um porto e transformá-lo em referência mundial em segurança e credibilidade?, afirma.

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Agora, o porto passa por um novo momento. Uma ordem de serviço, assinada pelo superintendente em 2005, estabeleceu o Regulamento de Acompanhamento, Controle de Procedimentos e de Fiscalização das Balanças dos Terminais Interligados e Integrantes do Complexo do Corredor Público de Exportação, por onde passam os granéis sólidos, principalmente grãos, cujo destino é o mercado internacional. A ordem determina que terminais privados devem apresentar certificados de verificação de suas balanças emitidos pelo Ipem-PR/Inmetro, com base em lei e portarias federais.

Questionamentos

Uma das principais reclamações dos clientes que utilizavam o terminal antes de 2003 era a diferença entre o peso de bordo (quando a carga está no porão do navio) e o peso de terra (aferido pela balança de fluxo dos terminais). Nestes casos, o porto aparecia como o responsável pela carga que estaria faltando nos porões dos navios. Hoje, a situação mudou.

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?Eliminamos qualquer suspeita de fraude sobre o peso das cargas ou de desvio de produtos. Com essas e outras medidas complementares – como a análise do produto também antes do embarque, quando solicitado – o mercado internacional passou a ter a comprovação da qualidade e da segurança nos serviços prestados pelo Porto de Paranaguá?, afirma o superintendente.

Recentemente – acrescenta Eduardo Requião – um projeto idealizado no início da gestão foi concretizado com a instalação de um novo sistema que permite a unificação dos dados cadastrais e um maior controle sobre as cargas que chegam ao porto. O Sistema de Código de Barras no Pátio de Triagem faz com que todos os caminhoneiros sejam identificados com o objetivo de diminuir o tempo de permanência no pátio.

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?A finalidade ainda é melhorar o escoamento da safra e também evitar a troca da nota fiscal, do cavalinho do caminhão e das cargas. Desta forma, o Porto de Paranaguá está tendo condições de acompanhar o caminhoneiro desde o momento em que ele entra no Pátio de Triagem até a efetiva descarga nas moegas?, explica.

O superintendente salienta que o rigor é necessário para tornar o porto paranaense uma referência em qualidade e segurança. ?Tolerância zero para quem tentar burlar nosso sistema de classificação de produtos. Aqui não há espaço para quem quer usar o Porto de Paranaguá como ponto de passagem de produtos que não os de qualidade e os de procedência garantida?.

Classificação 

A Empresa Paranaense de Classificação de Produtos (Claspar) também tem papel importante na inspeção dos grãos de soja com destino ao mercado externo. Índices de impureza, de umidade e de grãos avariados são medidos de modo intensivo pelos técnicos da Claspar, que ainda verificam se há presença de mofo, de matérias estranhas na carga, de produtos tóxicos ou de Organismos Geneticamente Modificados (OGMs).

A Claspar, desde o início de maio, vem recebendo o reforço de outros técnicos da Secretaria da Agricultura no trabalho de fiscalização da soja que entra no Porto de Paranaguá. Seis engenheiros agrônomos da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal fazem o controle da segregação do grão que chega aos terminais do porto para ser exportado.

O trabalho da Secretaria começa no Pátio de triagem de caminhões e se estende aos terminais privados e ao depósito do produto nos navios. A iniciativa foi tomada depois da decisão da Justiça que deu aos terminais o direito de armazenar e escoar soja transgênica.

Para o secretário da Agricultura, Newton Pohl Ribas, o reforço da fiscalização vai manter a segregação. ?Temos que garantir a segregação de produtos diferentes. É importante lembrar que essa separação deve ser realizada antes que a soja chegue aos navios e também dentro deles. Com isso, podemos garantir ao mercado um produto com origem identificada?, explica.

Segundo o diretor-presidente da Claspar, Valdir Izidoro da Silveira, o objetivo é garantir a qualidade do produto exportado através do Porto de Paranaguá. ?Trabalhamos para que o nosso porto não fique contaminado com soja transgênica. É o nosso esforço para que a soja convencional não chegue ao exterior como transgênica, comprometendo as nossas relações comerciais com países que dão preferência à soja convencional?, destaca.