O Porto de Paranaguá poderá ser o canal de escoamento de uma nova matriz energética produzida no Paraná. A tecnologia, inédita no país, está em estudo para ser aplicada a partir da instalação de uma fábrica de biodiesel na região Centro Sul do Estado e envolverá o terminal portuário diretamente no investimento.
Nesta quinta-feira (15), empresários americanos visitaram o porto, acompanhados da presidente do Instituto Os Guardiões da Natureza, Vânia Mara Moreira dos Santos, para conhecer a infra-estrutura de armazenagem e a logística existente no terminal. ?Nosso propósito é trazer os primeiros investidores para o projeto de construção de uma biorefinaria, em Prudentópois, e trabalhar com os 12 municípios que integram a nossa região?, explicou.
A meta é produzir 300 milhões de litros de biodiesel por ano, fabricado a partir do lixo orgânico e do uso de produtos como soja, girassol e milho, sem produção de resíduos. A exportação ocorrerá principalmente para a Europa, onde é exigido o uso de 5,75% deste tipo de combustível. Vânia Santos explicou que o Porto de Paranaguá oferece vantagens pelo custo de transporte e pela economia de energia pelo uso de vagões ferroviários no lugar de caminhões. ?O porto será o braço mais importante deste projeto, porque nos dará suporte logístico e para que o investidor decida se fará ou não o investimento?, declarou.
Depois de conhecer a sede administrativa e o cais comercial, o grupo de investidores seguiu para o canteiro de obras do Terminal Público de Álcool, que está sendo construído pela Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa). Em todo o roteiro, os americanos foram acompanhados pelo Diretor Empresarial, Ruy Zibetti, e pelo chefe do Departamento de Planejamento, Daniel Lúcio Oliveira de Souza.
?Tivemos boa resposta quanto às expectativas dos empresários. Eles se mostraram interessados pela nossa infra-estrutura e satisfeitos com a apresentação de nossos projetos de ampliação, que visam incrementar as operações portuárias e o leque de mercadorias movimentadas. Caso optem pela instalação da fábrica, poderão contar indiscutivelmente com o Porto de Paranaguá, que está preparado para atender a este e a outros projetos que busquem o crescimento da economia do nosso Estado?, destacou Souza.
Alternativas
Na prática, os produtores rurais do interior do Paraná, ligados a esse projeto, ficariam com parte da matriz energética para uso, mediante reestruturação da sua propriedade para atender às necessidades da fábrica. ?Este é um projeto ambicioso, que vai gerar uma grande modificação na região. Propriedades no entorno de Prudentópolis num raio de 200 quilômetros estão voltadas ao abastecimento desta empresa e as demais que virão?, revelou a presidente da ONG.
Mais que o aspecto comercial, a fábrica de biodiesel envolve diretamente as questões ambiental e social. ?Nossa meta é atuar em três principais frentes, que é a conservação da Floresta da Araucária, a atração de uma produção alternativa aos agricultores, criando um modelo de propriedade auto-sustentável e auto-suficiente com uma matriz energética renovável, sem depender de insumos externos e a conversão dos agricultores que trabalham com a cultura de fumo para atividades como o biodiesel. Em Prudentópolis, por exemplo, há um nível de intoxicação muito alto. De cada 50 agricultores, um caso é notificado no sistema público de saúde?, revelou.