O superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Eduardo Requião, lançou, nesta terça-feira, o início das atividades do Corredor da Madeira, mais uma medida adotada para tornar mais ágil a logística portuária, incentivar as exportações e gerar oportunidades de emprego e renda.
Uma reunião ocorrida em Curitiba com representantes da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), da Secretaria da Indústria e Comércio, da Assembléia Legislativa e de operadores portuários do segmento madeireiro – serviu para apresentar o novo modelo que, segundo Eduardo Requião, tem, entre outros objetivos, a conquista de novos mercados.
?Vamos atrair novas cargas, aumentar o nível de excelência dos trabalhos do Porto de Paranaguá com a disponibilização de maiores espaços de armazenagem, diminuição de custos de operações, aumento de agilidade nas exportações e na logística de atracação e desatracação?, disse Requião.
O Corredor da Madeira terá sua base de fluxo de cargas em Ponta Grossa e será utilizado, preferencialmente, para armazenagem de madeira produzida no Paraná, Rondônia e Mato Grosso ? antes exportadas por outros portos ?, servindo como retroárea do porto paranaense, o que garantirá maior agilidade no fluxo das cargas e uma logística diferenciada, capaz de atender às demandas com velocidade e eficiência.
Barateamento
Outro benefício será a redução de custos operacionais, reconhecidos pelo vice-presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Álvaro Scheffer, como um dos principais problemas do setor. ?Junto com a redução dos custos, teremos mais agilidade nas operações e a atração de mais armadores ? novas linhas -, tornando o setor mais competitivo?, disse Scheffer, que também é empresário do setor.
Para Odair Ceschin, também vice-presidente da Fiep, o setor madeireiro é um dos que mais sofre hoje em virtude da variação cambial. ?O setor está estagnado pelo dólar. Os produtos têm um valor agregado pequeno e os custos operacionais prejudicam diretamente o setor?, avaliou Ceschin.
A instalação do complexo de armazéns na cidade de Ponta Grossa visa o recebimento, armazenamento e preparo para exportação de cargas gerais, em especial a de madeira.
Para o prefeito de Ponta Grossa, Pedro Wosgrau, o Corredor da Madeira representará o desenvolvimento da economia do município. ?Será uma alavanca para a cidade, porque trará um fluxo de mercadorias que serão exportadas pelo porto. Além disso, vai gerar empregos e incentivar a atração de indústrias ao lado desse terminal?, disse Wosgrau.
As negociações sobre a implantação do corredor tiveram início em março deste ano. Desde então, os armazéns de propriedade da prefeitura vêm sendo objetivo de investimentos por parte da Appa.
?Não tínhamos como utilizar os locais para um investimento como este. Por isso, com o porto, é que poderemos verificar o real progresso da nossa cidade?, comentou o prefeito de Ponta Grossa. A Appa ainda não divulgou o valor do investimento, mas espera que até o final de 2005, o ?Corredor da Madeira? esteja em funcionamento..
Estrutura – Em Ponta Grossa, o ?Corredor da Madeira? contará com área de 56 mil m², dois armazéns com uma capacidade de estocar cerca de 300 mil m³, entre outros.
Com sistema on-line linkado ao Porto de Paranaguá, o objetivo é que os embarques de madeira ocorram com hora certa – just in time -, proporcionando racionalização de espaços das áreas retroportuárias em Paranaguá, redução de custos operacionais, a agilização dos procedimentos e abertura do mercado exterior a pequenos e médios produtores.
?Na unidade de Ponta Grossa será possível a reunião de pequenas cargas em lote único, totalizando volume necessário de carga a ser embarcada?, disse o diretor de Desenvolvimento Empresarial da Appa, Ruy Alberto Zibetti.
Empregos
Pesquisa do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho mostra o quanto o ?Corredor da Madeira? representa em benefícios para a cadeia produtiva: 20% no setor de serviços de transportes; 30% no setor de serviços de mecânica pesada; 15% no setor de materiais para o transporte; 15% no setor dos serviços de armazenagem. Ou seja: um aumento de aproximadamente 1.395 empregos diretos, além da criação de empregos indiretos.
A exportação de madeira vem sendo um dos principais destaques dos Portos de Paranaguá e Antonina nos últimos dois anos, depois que a atual administração portuária começou a incentivar a movimentação de produtos do segmento da Carga Geral pelos terminais portuários paranaenses.
Entre 2003 e 2004, o Porto teve um aumento de 1 milhão de toneladas neste segmento. Só no Porto de Antonina, as exportações de madeira cresceram 187% no acumulado do ano em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo principal produto brasileiro exportado, a madeira agrega uma perspectiva de aumento nas exportações para US$ 5 bilhões nos próximos anos.