Duas tentativas frustradas impediram que o motorista Normerio Posso, que dirigia um caminhão vindo de Goioxim, região Central do Paraná, descarregasse 40,4 toneladas de soja transgênica no Porto de Paranaguá. A primeira tentativa ocorreu na quarta-feira, por volta das 17 horas, quando técnicos da Claspar detectaram traço de transgenia na carga.

Com a carga refugada, o caminhão foi proibido de descarregar no silo público, o Silão. No dia seguinte, às 9 horas, o motorista fez outra investida para deixar a soja no porto e mais uma vez foi barrado pela fiscalização. Carregado com soja de propriedade da empresa Sojamil, localizada na cidade de Chopinzinho, o veículo acabou sendo lacrado.

Na segunda tentativa de burlar a fiscalização, o motorista apresentou nova nota que, de acordo com análise feita por policiais civis e militares e pela guarda portuária, seria “fria”. Isso porque não poderia ter sido emitida na origem pela longa distância (cerca de 400 quilômetros) do porto e pelo pouco tempo (menos de 12 horas) que o motorista teria para adotar a providência.

Segundo o superintendente do porto Eduardo Requião, a medida é necessária para difundir a vantagem que o Porto de Paranaguá oferece em só garantir soja pura. “Graças a essas ações, estamos viabilizando importantes mercados, como o chinês, que já recusou soja brasileira porque estava misturada com sementes contaminadas com hebicida”, lembra.

Balanço

O Porto de Paranaguá já barrou neste ano mais de 6 mil caminhões com soja úmida, impura ou misturada com sementes tratadas com fungicida. Além disso, outros 722 veículos tiveram a carga devolvida porque transportavam soja transgênica. O balanço aponta também que outros 3 mil caminhões foram retidos no mesmo período por apresentar problemas com cargas de milho.

“O índice de carga refugada pelo porto não chega a 10% do número total de caminhões e vagões que chegam ao porto mas serve como alerta àqueles que ainda tentam usar Paranaguá como terminal de exportação de produtos de baixa qualidade”, explica o superintendente Eduardo Requião. “Parte da carga refugada, no caso de produtos misturados, volta ao porto quando é repadronizada”.

Uma instrução normativa do Ministério da Agricultura deve permitir uma pequena tolerância de presença de sementes nas cargas de soja, conforme proposta do governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto. Mas a posição do Porto de Paranaguá não muda. “A nossa tolerância para as cargas com semente tratada com fungicida ou com transgênicos é zero”, salienta Eduardo Requião.

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