A quebra de patente dos medicamentos destinados a portadores do vírus HIV foi novamente um dos principais temas debatidos no Encontro Nacional de ONG/Aids, que em sua 13.ª edição reuniu cerca de 700 pessoas em Curitiba, no Paraná. "Esta luta já vem desde 1996", disse o integrante da Associação François Xavier Bagnoud, de São Paulo, José Araújo. Ele próprio portador do vírus há 20 anos. "Estou vivo, em grande parte devido ao medicamento, mas não tenho nenhuma garantia", lamentou.
Segundo ele, atualmente o Brasil há cerca de 160 mil pessoas em tratamento, mas as estatísticas apontam para aproximadamente 600 mil com HIV. "Em um espaço de curto para médio prazo grande parte vai entrar no tratamento", previu. "Mas nós estamos vivendo a insegurança da continuidade desse programa no qual acreditamos, por mais falhas que possa ter." Araújo, que comandou um dos painéis sobre essa questão, disse que o alto custo pode inviabilizar a disponibilidade dos medicamentos.
A solução que ele apresenta é a quebra de patente, que hoje restringe a fabricação a poucos países. "Nós temos totais condições de fabricar tanto em centros estatais quanto nas farmácias privadas", acentuou. "Temos tecnologia para isso." O que falta, segundo ele, é apenas a vontade política do governo de romper o acordo assinado em 1996. "A ousadia é abafada pelo medo", lamentou. Araújo acrescentou que uma atitude positiva do Brasil poderia ajudar outros países que têm menos força política. "Seria um precedente importante", acentuou. "O governo que fizer isso passará para a história."