Brasília – Moradores de 19 colônias para tratamento da Hanseníase foram convidados pelo Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (MORHAN) para um ato público realizado nesta quarta-feira (18) no Conselho Nacional de Saúde (CNS).
No encontro, eles pediram o apoio do conselho para que seja aprovada a lei de autoria do senador Tião Viana (PT-AC), que prevê um pagamento de R$ 700 para as pessoas que moram nessas colônias de tratamento.
O coordenador nacional do movimento, Artur Custódio, disse que há pressa na aprovação da lei pois as pessoas estão idosas e merecem o reconhecimento do governo de que foram isoladas de forma errada.
?Nossa pressa não é pelo valor do benefício e, sim, que o o governo e a sociedade reconheçam que tal isolamento retirou dessa pessoas convivência familiar, trabalho e propriedades?, explicou Custódio.
Segundo ele, o encontro com o Conselho Nacional de Saúde é importante para que a causa ganhe força e para impedir que um erro de tramitação no Congresso crie empecilhos. A proposta foi aprovada primeiro no Senado e agora vai para a Câmara.
Artur Custódio, no entanto, vê no governo um posicionamento favorável à indenização. ?Esperamos que após a aprovação na Câmara o presidente a sancione ou a transforme em Medida Provisória."
O aposentado Geraldo Moura Cascais, morador de uma dessas colônias, disse que a aprovação da lei é importante para dar dignidade para pessoas que se viram forçadas devido à segregação ou a conseqüências advindas da doença a abandonar seus trabalhos.
?Essa pensão ajudará essas pessoas a levar uma vida um pouquinho melhor para compensar as agruras que tiveram durante os anos vivendo nas colônias de isolamento?, afirmou Cascais. Quando criança, ele foi isolado de sua família.
Em sua visão, o Estado apenas o isolou, mas não lhe deu assistência, tanto que adquiriu graves seqüelas. Por conta da doença, ele teve os membros inferiores amputados e tem dificuldade para pegar objetos.
Cascais acredita que se estivesse ao lado da família, muitas dessas conseqüências poderiam ter sido evitadas. ?Como fui colocado em lugar em que uma pessoa era responsável por 32 crianças, certamente não existia zelo nenhum.?
O cantor Ney Matogrosso esteve presente ao encontro e disse que há mais de 50 anos se sabe o tratamento para a hanseníase. Mesmo assim, até a hoje a sociedade é muito desinformada sobre o assunto. Segundo o artista, apesar dos avanços registrados nos últimos quatro anos, os tratamentos estão aquém dos avanços da medicina.
?Acho justíssimo essas pessoas pedirem o que estão pedindo, pois foram arrancadas como animais de suas casas e foram tratadas como animais pelo Estado brasileiro?, disse o cantor.
O presidente do Conselho Nacional de Saúde, Francisco Batista Junior, considerou importante a participação de todas as lideranças envolvidas para que o CNS não aprove apenas a moção para aprovação da lei, mas que também dê apoio irrestrito ao projeto de lei.