A pontualidade na aviação brasileira foi literalmente para os ares. Garantir vôos no horário faz parte do contrato de concessão das companhias aéreas, mas desde novembro os índices despencaram. De uma média superior a 90% de pontualidade de janeiro a novembro de 2006, nos últimos quatro meses, a pontualidade dos vôos domésticos caiu para 50% a 60%.
Estudo comparativo de técnicos da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) revela ainda que a duração média do atraso tem crescido. No ano passado, as 3.060 partidas e chegadas de todas as companhias nacionais e estrangeiras no Brasil atrasaram, em média, 1h13, ante os 53 minutos registrados nas 2.560 operações de 2005. ?A falta de pontualidade representa uma enorme perda de eficiência, com efeitos para toda a economia?, afirma a economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Lúcia Helena Salgado, especialista em aviação. ?O transporte aéreo é uma atividade meio para se fazer negócios, fechar contratos. No Brasil, 70% dos passageiros viajam a negócios. Se não há garantia de pontualidade, a produtividade da economia e o bem-estar geral diminuem.
Apesar de quase seis meses de dramas nos aeroportos, em fevereiro o setor cresceu 16%, na comparação com igual período do ano passado, e a previsão da Anac para o ano é de 17%. A taxa se soma aos 12,3% registrados em 2006 e aos 19,4% em 2005, superiores ao crescimento da economia.