O secretário-geral do PT, Raul Pont, contestou hoje a idéia de que o partido deve acolher o ex-deputado José Dirceu (PT-SP) agora que seu mandato foi cassado pela Câmara. De acordo com ele, o partido deve dar continuidade a uma avaliação das atitudes de Dirceu e de outros envolvidos no escândalo do mensalão. "A perda política que o partido teve até agora nos obriga a fazer uma avaliação das pessoas envolvidas", afirmou Pont, que ocupou o segundo lugar na disputa pela presidência do partido na eleição interna realizada em setembro.
A proposta de acolher Dirceu dentro da estrutura partidária foi defendida ontem pelo secretário adjunto de Organização, Francisco Campos. Segundo ele, esta seria a melhor forma de corrigir a "injustiça" cometida contra Dirceu no processo de cassação.
Pont insistiu que o objetivo não é conduzir um julgamento semelhante ao realizado pela Câmara que, segundo ele, foi "político e parcial". No entanto, ele destacou que o partido não pode simplesmente abrir as portas aos envolvidos nas denúncias antes que elas sejam esclarecidas. "Nós temos a obrigação de fazer essa avaliação, de ver se realmente estas questões são quebra de ética partidária", afirmou. "Sem isso, vamos receber todos de braços abertos?", questionou Pont. "Aí volta o Delúbio (Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT)? Volta o Silvio (Silvio Pereira, ex-secretário-geral do PT)?"
Pont também voltou a falar na possibilidade de se instalar uma Comissão de Ética para avaliar os envolvidos nas denúncias, entre eles José Dirceu. Questionado sobre se isso pode significar a disposição do PT em expulsar outros de seus quadros, Pont disse que esta é uma decisão que cabe ao Diretório Nacional da legenda.
Pont chegou há pouco à sede do Diretório Nacional do PT, na capital paulista, onde será realizada uma reunião da Comissão Executiva Nacional da legenda. Outros dirigentes do partido também já chegaram ao local, entre eles o responsável pelo Grupo de Trabalho Eleitoral, Gleber Naime, e o secretário de Comunicação, Hélio Costa. Eles não falaram com os jornalistas.
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