Políticos governistas criticaram hoje (18) a atitude supostamente benévola das autoridades brasileiras com relação ao ex-general Lino Oviedo, a quem não expulsaram do Brasil e apenas o advertiram a não realizar atividades políticas apesar de sua condição de refugiado. O Ministério da Justiça, após ouvir os argumentos de Oviedo na quarta-feira, advertiu-o de que será expulso do Brasil se não atender à exigência.
O governo do presidente paraguaio, Luis González Macchi, acusa Oviedo de ter organizado a onda de distúrbios de segunda-feira. Macchi decretou estado de exceção, que foi revogado na quarta-feira após a normalização da situação em todo o país.
José Emilio Arganã, líder do movimento Reconciliação Colorada – sustentação política de González Macchi -, disse que é ?incompreensível que o Brasil, diante de tanta evidência dos abusos cometidos pelo criminoso político, tenha resolvido apenas advertí-lo?.
?Foi uma atitude muito frouxa do governo brasileiro com alguém que tem pendente o cumprimento de uma condenação de 10 anos?, afirmou.
Na segunda-feira, milhares de partidário de Oviedo realizaram protestos nas principais cidades do Paragaui, exigindo a renúncia de González Macchi. Violentos confrontos com a polícia deixaram 2 mortos, 53 feridos e 297 detidos, a maioria já libertados.
Um relatório da chancelaria paraguaia enviado ao Itamaraty destaque que ?Oviedo foi o instigador das mobilizações que buscavam desestabilizar o estado de direito?, informou o embaixador do Paraguai no Brasil, Luis González Arias.
Juan Carlos Galaverna, presidente do Congresso e senador pelo governista Partido Colorado, comentou que o ?Brasil deveria ser mais exigente com Oviedo, pois ele tem uma irrefreável ambição de poder e não respeitará nenhuma restrição que lhe for imposta?.
Na próxima semana, a bancada governista apresentará um pedido para que seja aberto um julgamento político contra o vice-presidente Julio César Franco, do opositor Partido Liberal, acusado de associar-se a Oviedo para derrubar o presidente. Durante as manifestações de segunda-feira, Franco convocou a imprensa para manifestar publicamente seu apoio aos protestos e qualificá-los de ?uma manifestação espontânea do povo contra o governo corrupto do presidente González Macchi. (AE-AP)
